Mercado

Evolução genética

A primeira cana-de-açúcar transgênica do mundo deve ser brasileira. A expectativa é de que a variedade, que já está sendo testada pelos pesquisadores, seja lançada no mercado em cinco anos. Os estudos estão sendo feitos pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) que irá pedir a liberação para comercialização à pedir à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio ) até 2015.

“Em 2015 devemos entrar, em Brasília, com pedido para liberação”, afirma o diretor do CTC, Tadeu Andrade. Segundo ele, recente parceria firmada entre o centro, financiado pelas principais usinas do país, e três multinacionais da indústria de defensivos agrícolas – Basf, Bayer e Dow Chemicals – possibilitará lançar a cana transgênica no mercado.

Segundo Andrade, o CTC vai disponibilizar um amplo banco de material genético, enquanto as empresas trarão seu histórico de pesquisas em transgênicos para o desenvolvimento das variedades. Elas também farão os estudos toxicológicos.

Depois de completo o ciclo da cana – que varia de cinco a seis anos –, o ganho de produtividade que a variedade transgênica proporcionará será dividido entre a própria usina, que ficará com a maior parte, o CTC e as empresas. “Haverá um rateio, mas os detalhes ainda não estão definidos”, diz Andrade.

TOLERNCIA A primeira variedade transgênica do CTC deve ter como característica a resistência à praga da broca da cana. Nesse caso, o ganho de produtividade pode chegar a 25%, de acordo com o diretor do CTC. Depois, a expectativa é que seja lançada uma variedade resistente a herbicida ou que reúna esses dois benefícios – resistência a pragas e a herbicidas. O CTC também já desenvolve cana com tolerância à seca e uma variedade com maior teor de açúcar. Essas características, pertencentes à primeira geração de transgenia, seguem os modelos já desenvolvidos e aplicados pelas multinacionais em outras culturas, como soja, milho e algodão.

O CTC formou a sua primeira cana transgênica há 13 anos e, nessa nova fase, faz testes em campo há três. Segundo Andrade, essa “demora” deve-se, em parte, pelas características da cana. “Precisamos verificar se em todo o ciclo de vida ela vai apresentar a mesma resistência. É diferente do que ocorre com os grãos, que são plantados todos os anos”, diz. Por outro lado, a cana cultivada na região Sudeste não produz pólen, o que diminui o risco de contaminação de lavouras convencionais. “A segurança é maior na cana, o que pode facilitar a aprovação dos transgênicos”, explica Andrade. A Monsanto também trabalha no desenvolvimento de cana transgênica. É a única empresa, além do CTC, que possui um banco genético -adquirido com a CanaVialis, em 2008.

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