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Volatilidade e novos contratos podem estimular futuros de açúcar e etanol

“A BM&FBovespa será a primeira no mundo a ofertar o tripé de contratos futuros: hidratado, anidro e açúcar”, diz o diretor de Commodities, Ivan Wedekin

As incertezas no mercado de etanol hidratado e a abertura de arbitragem com o contrato de anidro que começará a ser operado na segunda-feira devem ajudar a elevar a liquidez dos contratos futuros de hidratado na BM&FBovespa neste ano. Em 2012, o volume de papéis negociados representou 17% da produção de hidratado no país, abaixo da participação de 20% alcançada em 2011.

A menor volatilidade nos preços do biocombustível em 2012 e a maior atenção dada pelo mercado à comercialização de anidro, que passou a ser, em parte, regulada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), foram os responsáveis pela menor liquidez, explica o diretor de commodities da BM&FBovespa, Ivan Wedekin.

Em janeiro deste ano, essa movimentação ainda está baixa. O volume acumulado de negócios até o dia 23 totalizava 2.990 contratos, bem abaixo dos 9.174 operados no mês todo de 2012.

O declínio do mercado físico de hidratado também é apontado como um dos responsáveis pela baixa procura por instrumentos de precificação futura, diz Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora de etanol, Bioagência. Somente entre janeiro e novembro de 2012 (dado mais atual disponível na ANP) as vendas de hidratado no Brasil recuaram 11%.

Mas incertezas sobre aumento no preço da gasolina devem trazer de volta a tão esperada liquidez aos futuros do biocombustível, avalia a gerente de produtos do agronegócio da bolsa, Fabiana Perobelli. Além disso, explica ela, a entrada do contrato futuro de anidro – cuja operação começa na próxima segunda-feira – também tende a oferecer aos agentes oportunidades de ganhar com arbitragem de spread entre os papéis de hidratado e de anidro.

Wedekin acredita que o indicador de preços do contrato de anidro na bolsa – que assim como o de hidratado terá base em Paulínia (SP) – será referência para os negócios de compra e venda antecipada do biocombustível entre distribuidoras e usinas. Conforme resolução 67 da ANP, com vigor desde maio do ano passado, as distribuidoras precisam comprar antecipadamente no começo da safra de cana, em maio, volume de anidro equivalente a 90% do utilizado no ano anterior.

No primeiro ano de vigência da resolução, ocorreram inúmeras discordâncias entre usinas e distribuidoras sobre o preço justo do anidro de entrega futura. “O mercado mudou e os agentes precisam de referência para esses contratos. Ademais, os agentes que, além de reduzir risco, quiserem aproveitar janelas de arbitragem terão agora oportunidades”, diz Wedekin.

O contrato futuro de anidro terá liquidação física e a negociação ocorrerá em moeda local. Cada papel equivalerá 30 mil litros do biocombustível. Também na segunda-feira estreia o contrato de açúcar cristal – com liquidação financeira e base em Santos (SP). “A escolha de Santos se deve à oportunidade de possibilitar a arbitragem com as bolsas de Nova York e Londres”, detalha a gerente de produtos do agronegócio da bolsa.

Por enquanto, a oferta dos três produtos é uma resposta da bolsa à nova configuração do próprio setor, que tem a participação de um número relevante de grandes players globais, completa Wedekin.

A oferta dos três produtos na bolsa – hidratado, anidro e açúcar – é uma resposta da bolsa à evolução do setor, diz Wedekin. “Mais financeirizado, esses agentes demandam ferramentas mais sofisticadas de gerenciamento de riscos”. Ainda nesse semestre, o portfólio ficará mais completo com a listagem cruzada do contrato de WTI de petróleo da Nymex.

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