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Usineiros e governo ainda longe de acordo

As negociações entre os fornecedores de cana-de-açúcar do Nordeste e o governo federal para a inclusão no Prêmio Equalizador Pago ao Produtor, o Pepro – que já garante o preço mínimo para o café, a soja, o milho e o algodão -, azedaram anteontem no Recife.

Em uma reunião com lideranças do setor, na Agência Centro do Banco do Brasil (BB), o representante do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, não acatou o pleito dos fornecedores. O porta-voz do governo sugeriu que eles procurassem o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Bittencourt deu a entender que a cultura da cana-de-açúcar no Nordeste era inviável e propôs que partissem para outras atividades.

História do setor

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, argumentou que a produção de cana-de-açúcar tem 400 anos de história no Nordeste e que, esmagando 60 milhões de toneladas de cana, gera 350 mil empregos na região, mais do que os gerados por São Paulo que esmaga 300 milhões de toneladas.

O clima ficou tenso e a reunião terminou com a retirada dos fornecedores que prometem continuar pleiteando políticas públicas de suporte à produção canavieira. “A postura da Fazenda é equivocada e gera desigualdades. Os fornecedores de cana não se enquadram na agricultura familiar nem na macro agricultura, formam uma classe média rural e empregam muita mão-de-obra. É preciso que tenham isonomia de incentivos com a agricultura mecanizada”, disse Cunha, defendendo não só os fornecedores, mas também os usineiros que, segundo ele, precisam ter uma produção de cana confiável para atender ao mercado crescente de etanol.

O professor do Instituto de Economia da Unicamp, Antonio Buainain, não concorda com a indicação do Pronaf para os produtores de cana do Nordeste. “A grande maioria não é produtor familiar, não se encaixa. Nesse momento de queda de preços, é muito importante um apoio financeiro aos produtores não só de cana-de-açúcar”, completa Buainain.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão, o custo de produção calculado pela Conab, era de R$ 42 por tonelada no ano passado, mas agora está em torno de R$ 50, enquanto o mercado paga R$ 36 pela tonelada de cana. “Com R$ 200 milhões, o governo atenderia aos produtores de todo o Nordeste”, afirma Leão.

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