Mercado

Usinas tentam, sem sucesso, investir na ilha

Un campesino atiende una plantación de caña de azúcar en Jovellanos, Cuba. La producción azucarera cubana está subiendo luego de un período de ajuste a las condiciones del mercado internacional tras la caída del bloque soviético. (AP Photo/Javier Galeano, File)
Un campesino atiende una plantación de caña de azúcar en Jovellanos, Cuba. La producción azucarera cubana está subiendo luego de un período de ajuste a las condiciones del mercado internacional tras la caída del bloque soviético. (AP Photo/Javier Galeano, File)

Há cinco anos, o setor sucroalcooleiro enxergou de forma positiva os sinais de uma economia mais liberal enviados por Cuba. Era hora de aproveitar a oportunidade e investir na ilha caribenha, que na década de 80 foi a maior exportadora mundial de açúcar. Na época, as lavouras cubanas chegaram a produzir 8 milhões de toneladas por safra. Porém, com a dissolução da União Soviética e da parceria irrestrita ao regime socialista, Cuba viu seu setor canavieiro derreter.

Por essa razão, alguns usineiros brasileiros vislumbraram nessa derrocada uma janela de oportunidades — a de fazer parcerias com quem tem know-how no assunto. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com previsão de 34,6 milhões de toneladas de açúcar para a safra 2015/16 (2,7% inferior a 2014/15) e de etanol (anidro, o misturado à gasolina, e hidratado) com 29 bilhões de litros (redução de 1,9% ante o ciclo anterior), conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Porém, as expectativas foram minguando com o passar do tempo. Em 2011, o advogado Beno Suchodolski foi contratado por três grandes grupos sucroalcooleiros do país — ele não revela os nomes por questões contratuais — para levantar aspectos econômicos, jurídicos e políticos envolvidos em uma eventual entrada no mercado cubano de açúcar. “Desde então, nada se concretizou”, informa.

Na época, os empresários estavam empolgados com a possibilidade de negócios considerados estratégicos para a ilha, como a cana e o turismo, por exemplo. Mas os entraves não foram poucos, a começar pelas dificuldades de recuperação de solos desgastados que não receberam o devido manejo para preservar sua fertilidade.

Talvez a condição mais desfavorável tenha esbarrado na concessão de terras para os investidores. Como elas foram desapropriadas sem ressarcimento e estatizadas por Fidel Castro, seus antigos proprietários podem pedir pelo pagamento delas ao novo usuário. “A concessão de usufruto para a instalação de uma usina não recebeu leis específicas para estimular os investimentos como era esperado”, diz o advogado.

Além disso, Suchodolski explica que o governo cubano impõe que a produção canavieira seja apenas proveniente de agricultores ligados às cooperativas, sem que a empresa mantenha plantios próprios como acontece no Brasil. “O problema está nas baixas produtividade e tecnologia, incapazes de abastecerem a indústria”, comenta.

Depois de inúmeras tentativas, o advogado acredita que o governo cubano proteja o setor, caro a eles. “A mesma regra não valeu para os clubes de golfe ali instalados ou para empresas de fruticultura, por exemplo”, compara.

Procurada, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) informou por meio de sua assessoria de imprensa que desconhece pormenores do assunto por se tratar de um mercado muito específico. A Uniweld, exportadora de eletrodos para usinas de cana para a ilha e a Companhia de Obras em Infraestrutura (Coi), uma subsidiária da Odebrecht, que em 2013 assumiu a gestão de uma usina açucareira naquele país, não retornaram os contatos da reportagem.

Na safra 2014/15, Cuba produziu 1,9 milhão de toneladas de cana. A meta é chegar a 2,5 milhões até 2020, segundo dados da consultoria inglesa Platts Kingsman.

Fonte: (Valor)

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