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Usina Branco Peres investe contra broca da cana-de-açúcar

A Usina Branco Peres, em Adamantina, SP, conseguiu reduzir em 50% a infestação da Diatraea saccharalis, conhecida como broca da cana-de-açúcar, na safra 2007/08. No ciclo anterior, a praga chegou a uma intensidade média de 10,87%, com picos de 32% em algumas áreas, principalmente nos meses de abril e outubro.

De acordo com o gerente de Produção Agrícola da Usina, Carlos Eduardo Santos Gonçalves, o manejo da lagarta foi feito com inseticida, associado ao controle biológico, com base nos resultados obtidos em outras unidades. “Além da redução de 50% de infestação na safra 2007/08 tivemos um ganho de 3,5% na produtividade. Este ano, devemos baixar ainda o índice de infestação”, prevê.

Para o pesquisador e consultor do Laboratório Anna (Assessoria e Consultoria Agronômica), Wilson Novaretti, as quebras de produção são evidentes em diferentes níveis de intensidade de infestação. “A média indica que se pode estimar uma quebra de 0,85% até 1,14% da produtividade agrícola para cada 1% de entrenós infestados”, conta.

O consultor afirma que os índices mostram a importância do controle da praga durante todo o período de cultivo da cana-de-açúcar, até dois meses antes da colheita. Os inseticidas fisiológicos funcionam somente nas primeiras fases das lagartas, de até um centímetro. Após sua eclosão, migram para a região do cartucho da planta à procura de abrigo e lá permanecem se alimentando da raspagem das folhas.

Após esse período, as lagartas perfuram a casca do colmo na região do palmito e abrem uma galeria na planta, permanecendo o restante da sua fase de lagarta protegida da ação de fatores externos e defensivos agrícolas, como os inseticidas. Essa característica da praga dificulta seu combate, uma vez que a única opção é o controle biológico pela ação da vespa Cotesia flavipes.

Segundo o gerente de Desenvolvimento de Inseticidas da Bayer CropScience, Luiz Weber, as lagartas atingem completo desenvolvimento em aproximadamente 40 dias e o ciclo evolutivo dura de 53 a 60 dias. “Isso significa que a praga pode ter mais de quatro gerações anuais. Portanto, a 3ª geração, findada em março, não é motivo de sossego para os produtores, uma vez que ainda resta a última geração para abril e maio”, explica.

O especialista aconselha os produtores ficarem atentos a qualquer sinal de presença de lagartas na lavoura, por meio do monitoramento nos talhões. “Quando os talhões atingem acima de oito mil brocas totais por hectare, adota-se o critério de amostragem para identificar o número de canas com presença de broquinhas fora do palmito. Se forem encontrados mais de 3% de colmos de cana com presença de lagartas novas nas bainhas das folhas próximas do palmito, independentemente da quantidade por colmo, é recomendada a aplicação de inseticidas seletivos”, observa Weber.

Tiro certeiro

A usina Branco Peres optou pelo inseticida Certero, da Bayer CropScience, por ser compatível com o biológico convencional, uma vez que não apresenta efeito danoso sobre qualquer parasitóide e artrópode presentes no canavial, considerados importantes para o controle biológico da praga. A porcentagem de controle, 15 dias após a aplicação do inseticida, chega a 85%, com índice de infestação final de 20% na área não tratada.

“Com a expansão acelerada da cultura sem o acompanhamento, monitoramento e controle biológico, além do aumento da cana crua, a praga tende a se dispersar ainda mais, o que torna o controle biológico conduzido mais difícil e aumenta a necessidade do manejo químico integrado ao biológico”, alerta Weber.

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