Acompanhar as tendências do mercado ajuda a direcionar carreira
Apesar da escassez de terras cultiváveis no Rio, o estado passa por um bom momento em relação à produção industrial de carne e laticínios. Entre as razões, isenções tributárias — como redução do ICMS a zero — para que empresas de alimentos instalem unidades aqui. O resultado dessa movimentação, diz Alberto Mofati, secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, é o surgimento de novas vagas no setor.
— A Marília, por exemplo, já recebeu financiamento para instalar uma fábrica em Itaperuna. E a Bom Gosto começou a operar, em junho, sua nova planta fabril em Volta Redonda.
Para cada emprego direto criado nesses lugares, surgirão três ou quatro indiretos na cadeia produtiva — informa.
Mas a região que mais necessita de mão de obra especializada é a Centro-Oeste, seguida por Norte e Nordeste, para onde caminham as fronteiras agrícolas, segundo Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). Além de mobilidade geográfica, uma habilidade que não pode faltar ao currículo do profissional é perspicácia para acompanhar suas tendências. Saber quais são os produtos que estão em alta ou em baixa, bem como as particularidades de cada região, podem ajudar a direcionar a carreira, ressalta ele.
— Daqui há dez anos, 20% da matriz econômica virá de biocombustíveis e 25% de floresta plantada — afirma Alvarenga.
— As pastagens extensivas e aslavouras pouco produtivas já estão cedendo espaço para plantação de cana, com foco na produção de etanol.
Quem lidar com isso vai ter que entender de biotecnologia.
E a área de engenharia florestal também tende a crescer por causa da expansão do reflorestamento com fins comerciais e ambientais.
Agronegócio também atrai empreendedores Da mesma forma que as empresas elevam os salários para atrair profissionais para o interior, elas também treinam mão de obra para amenizar o problema da falta de qualificação.
É o caso da Ourofino, empresa de produtos veterinários localizada em Cravinhos, São Paulo, que atua também na comercialização de sementes de plantas para pastagens.
Somente de janeiro a julho, foram cerca de 170 contratações, além de 40 para a sua nova fábrica em Uberaba.
— Todos os funcionários passam por treinamentos no seu setor — diz a gerente de Comunicação Renata Canales.
O a g ro n e g ó c i o t a m b é m atrai empreendedores, que aproveitam o momento de crescimento para investir em empresas de soluções agrícolas.
Na Incubadora de Empresas em Agronegócios da Universidade Federal Rural do Rio (Ineagro/UFRRJ), ex-alunos de mestrado e doutorado estão à frente de 12 projetos, que podem passar de três a cinco anos incubados.
— O perfil dos negócios é diversificado.
Há empresas de defensivos agrícolas, ecopaisagismo, engenharia de alimentos e até de capacitação para pequenos produtores — afirma a engenheira química Stella Regina da Costa, coordenadora de projetos da Ineagro.