Mercado

Recuo de preços agrícolas no atacado vai se intensificar, dizem economistas

A safra recorde de grãos no primeiro trimestre elevou a oferta de produtos como a soja e o milho no mercado interno. Ainda em função dessa dinâmica, a expectativa dos economistas é que os preços agropecuários registrem a quarta deflação consecutiva em abril, o que manterá o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) praticamente estável na passagem mensal. De acordo com a média das projeções de 14 consultorias e instituições financeiras ouvidos pelo Valor Data, o IGP-M deve subir 0,20% em abril, ante variação positiva de 0,21% em março. As estimativas para o índice, que será divulgado hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV), variam entre 0,13% e 0,31%. Se confirmadas as expectativas, a inflação acumulada em 12 meses pelo indicador vai ceder de 8,06% para 7,35%.

Adriana Molinari, analista da Tendências Consultoria, revisou sua estimativa para o IGP-M deste mês de 0,40% para 0,30% porque a expectativa inicial, de que a tendência de perda de força dos preços agrícolas cederia em abril, não se concretizou.

De acordo com suas estimativas, o Índice de Preços ao Produtos Amplo (IPA), que tem peso de 60% no IGP-M, só vai se acelerar para 0,11% em abril, ante 0,01% em março, por causa dos produtos industrializados, já que os preços agrícolas devem deixar queda de 0,70% na leitura anterior e recuar 0,80% neste mês. “Serão quatro meses de deflação no atacado, em resposta à grande oferta de grãos no mercado interno”, diz Adriana. Suínos e aves também vão recuar de preço, observa Adriana, por causa da desaceleração da soja e do milho, insumos usados na ração desses animais.

André Muller, economista da Quest Investimentos, também revisou sua estimativa para o IGP-M de abril de 0,35% para 0,15% em função do comportamento dos produtos agrícolas. “Estamos projetando deflação em torno de 1,5% para o IPA-Agro. Embora alguns produtos estejam se acelerando, o milho e as aves ainda vão intensificar deflação neste mês”, afirma.

Os preços dos produtos industrializados vão continuar em terreno positivo. Para Priscila Godoy, economista da Rosenberg & Associados, o minério de ferro, que subiu 5,88% em março, ainda vai ganhar força nesta leitura e levar o IPA-Industrial a mostrar avanço entre 0,30% e 0,40% neste mês, ante variação positiva de 0,3% na leitura anterior.

Adriana, da Tendências, que estima IPA-Industrial de 0,43%, também projeta alta do minério de ferro, mas acredita que essa aceleração será parcialmente compensada pela perda de força de alimentos processados e farelo de soja.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) também vai ceder na passagem mensal, avaliam os economistas, em resposta à desaceleração esperada para hortaliças e frutas. “Os alimentos in natura vão começar a perder força em abril, mas esse movimento se intensificará principalmente a partir de maio”, afirma Muller, da Quest Investimentos. Por isso, a inflação ao consumidor, que tem peso de 30% no IGP-M, ainda manterá nível elevado, de 0,55% em abril, estima.

O Índice Nacional de Custos da Construção Civil (INCC-M), já divulgado, subiu 0,84% em abril, pressionado principalmente pelo aumento do custo com mão de obra, que avançou 1,15% por causa dos reajustes no Rio de Janeiro e em Salvador. “Ainda temos mais negociações salariais pela frente, em São Paulo, por exemplo, mas certamente as altas do INCC serão compensadas pela desaceleração esperada para os preços no varejo e a manutenção do IPA no patamar atual”, afirma Adriana, da Tendências.

Muller, da Quest, observa ainda que em abril a inflação acumulada nos últimos 12 meses vai desacelerar de 8,06% no mês anterior para algo em torno de 7,3%. Esse movimento vai se intensificar nos próximos meses, diz Muller, já que os índices mais altos observados no ano passado, por causa do choque de oferta, sairão da conta. O IGP-M encerrará 2012 com avanço de 4,7%, estima.

Banner Revistas Mobile