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PIB agrícola cai 3,4%, o pior...

São Paulo, O trigo foi o mais afetado. Seu Valor Bruto da Produção (VBP), ou faturamento bruto, caiu 59%, para R$ 984 milhões. O milho encolheu 26,1%, para R$ 10,2 bilhões, e o arroz 25%, para R$ 6,6 bilhões. A pecuária deve fechar 2005 com faturamento de R$ 30,6 bilhões, 5% menor que o apurado no ano passado. Os dados são de um estudo realizado pela CNA e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP.

“Trigo, milho, soja, arroz, algodão e pecuária de corte representam 45% do VBP da agricultura. Quando eles vão mal, têm grande impacto sobre o resultado geral”, diz Pernambuco.

A crise reflete a seca na região Sul do País – que provocou uma quebra de quase 20 milhões de toneladas na safra de grãos -, o aumento do custo de produção e a desvalorização do dólar, o que reduziu a rentabilidade do agronegócio.

Na contramão, foram bem as lavouras de laranja, cana-de-açúcar, café e suínos. Juntas, elas faturaram R$ 32,8 bilhões, nível 7,2% maior que o de 2004. “Mesmo as lavouras que foram bem não tiveram desempenho excepcional”, ressalta. Enquanto as maiores quedas do VBP foram da ordem de dois dígitos, o maior aumento, o do café, ficou em 7,9%.

Para 2006, Pernambuco diz que o PIB pode voltar a crescer porque a safra deve ser maior, o que deve compensar a projetada queda de preços. “Uma recuperação que não vem acompanhada por aumento de preços não é um indicador sólido de recuperação de renda”.

A redução do faturamento da soja não surpreendeu Luiz Nery Ribas, secretário-executivo da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT). “A queda de 32% da renda é grande, mas devo ressaltar que a sensação no campo é de que a retração foi ainda maior”.

Ele explica que não faltaram fazendas que demitiram funcionários, reduziram o uso de tecnologia e adiaram investimentos em função da crise. Em 2005, informa a CNA, a oferta de emprego com carteira assinada no campo teve o pior desempenho dos últimos 4 anos.

Para o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Valter Pötter, a queda de 25% do PIB do segmento resulta do excesso de oferta do grão no mercado nacional. “As importações do Mercosul e os grandes estoques nacionais provocaram queda significativa no preço”, diz. Segundo ele, a saca de arroz é negociada de R$ 21 a R$ 22, valor quase 19% menor que há um ano.

Na laranja, um dos setores que cresceram em faturamento, os citricultores dizem que só a indústria – que tem pomares próprios – tem se beneficiado. Os produtores independentes ficaram de fora. “Nossa perda pode ser atribuída ao câmbio e ao aumento do custo de produção em razão da maior incidência de doenças que exige investimentos em defensivos e renovação dos pomares”, diz Flávio Viegas, da Associação Brasileira de Citricultores. Na cana, Maurílio Biagi, presidente da Usina Moema, diz que “tudo que se ganhou em preço foi perdido com o câmbio. Mesmo assim, os usineiros não têm do que reclamar.”

Para Wolmir de Souza, da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, o aumento do PIB é resultado da aposta em tecnologia e rastreabilidade.

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