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Colheita mecanizada atinge 65% dos canaviais paulistas

A mecanização nas lavouras de cana-de-açúcar de São Paulo alcançou a marca de 81,3% das usinas e 24,2% dos fornecedores do Estado na safra 2011/12, segundo novo balanço divulgado ontem do Protocolo Agroambiental da Cana-de-Açúcar. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, isso representa uma área de 3,12 milhões de hectares mecanizados – ou 65,2% de toda cana plantada no Estado. Na safra passada, esse percentual era de 55,6%.

Assinado em 2007 pelo governo estadual e pela Unica (entidade que representa as usinas do Centro-Sul), o acordo visa a antecipar o fim das queimadas na colheita e a consequente redução das emissões de gases-estufa do segmento. A meta é que 100% das áreas planas com cana estejam mecanizadas até 2014. Para as áreas com relevo, de difícil mecanização, o limite é 2017. Em novas áreas de plantio, a mecanização é obrigatória. “Nesse ritmo, atingiremos a meta antes”, disse o secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Bruno Covas (PSDB).

Segundo ele, o resultado positivo se deve à importância do selo ambiental concedido anualmente às usinas e produtores independentes que aderiram (e cumprem) o acordo. “O protocolo não tem poder de lei. O produtor está na agenda ambiental porque os grandes compradores exigem isso”, diz o secretário. Com os avanços já obtidos, o governo calcula que deixaram de ser jogados na atmosfera 16,7 milhões de toneladas de poluentes, sendo 2,7 milhões de CO2 equivalente.

“Começamos pela cana porque é o setor mais organizado, mas já estamos em conversas finais para estender o protocolo a outras culturas”, disse Covas.

Segundo Ricardo Veigas, diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da secretaria, um acordo ambiental técnico já foi firmado com o setor de papel e celulose para institucionalizar práticas como manejo de resíduos e eficiência no uso de água. O anúncio formal deve ser feito em maio, segundo Veigas.

Apesar de seu impacto positivo na qualidade do ar, o protocolo apresenta um efeito colateral perverso: o aumento de estoque de palha deixado nos canaviais.

“Após a colheita, parte da palha deve ficar no solo para servir de matéria orgânica e proteção, mas a outra metade deveria ser removida”, diz Veigas. Segundo a secretaria, são 39 milhões de toneladas de palha deixadas nos 3,12 milhões de hectares mecanizados. Daqui a quatro anos, serão 70 milhões de toneladas por ano. “Se metade dessa palha fosse usada para a geração de energia, representaria 25% do potencial de geração de energia de Belo Monte”, diz o secretário.

São Paulo responde por 70% da produção de cana-de-açúcar no Brasil e 17% da produção de etanol no mundo. A previsão estadual para a safra 2011/12 é de 5,4 milhões de hectares plantados.

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