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Setor canavieiro vive momento delicado

O setor canavieiro vive um momento delicado em Mato Grosso. Por causa do zoneamento, estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pelo menos 80% dos canaviais não podem ser ampliados sob pena de perder o crédito junto às instituições financeiras. Como a cana é uma cultura de longo período, os produtores não tem condições de sobreviver sem o auxílio dos financiamentos. Com isso, há 3 anos, Mato Grosso registra a mesma produção.

O diretor administrativo do Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool/MT), Jorge Santos, conta que tem se empenhado para que o Congresso Nacional reveja a situação, mas em 2010 não houve avanço nas negociações. Ele diz que Mato Grosso foi o Estado mais prejudicado com o zoneamento. “Continuaremos trabalhando para solucionar esta dificuldade”.

Diante deste panorama a saída foi uma parceria do Sindalcool com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que, por meio da Faculdade de Agronomia faz parte da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergetico (Ridesa), juntamente com outras 9 universidades do país desenvolve novas variedades de cana-de-açúcar. O professor da UFMT e especialista no assunto, Antônio Marcos Iaia, conta que o projeto é conduzido em parceria com as unidades produtoras mato-grossenses e com as entidades de classe do setor.

A Ridesa/UFMT fez convênios com o Sindalcool e com a Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) para desenvolver novas variedades para Mato Grosso. O professor explica que o trabalho é difícil e demorado. Segundo ele, uma variedade leva cerca de 10 a 12 anos para ser desenvolvida. “Estamos aguardando a aprovação de um projeto para darmos continuidade às pesquisas já iniciadas”.

Iaia conta que já existem vários campos de seleção instalados nas diversas fases do processo de melhoramento genético. As fases iniciais estão instaladas na Usinas Itamarati, Coprodia. Posteriormente os materiais selecionados são distribuídos para as outras unidades espalhadas pelo Estado. “Assim todos participam do programa”.

Há também o intercambio de clones entre as universidades participantes da Ridesa que são enviados para usinas do Mato Grosso para testes. “Isso é importante já que o Ridesa abrange todo o Brasil”. As variedades com a sigla é RB representam 60% da área plantada no país, e 58% em Mato Grosso.

O pesquisador destaca que ainda não há uma quantificação exata sobre o número de variedades pesquisadas no Estado. Segundo ele, o processo de melhoramento genético é continuo e a cada ano surgem novos clones que são testados até que se tenha convicção de suas qualidades. “Poderíamos dizer que temos pelo menos 10 novos cultivares para uso imediato com potencial de produção melhor que os atuais”.

A produção de cana em Mato Grosso conta com 2 tipos de produtores, os que usam tecnologia avançada e têm alta produtividade e aqueles que ainda não fazem nem o básico direito comprometendo a produção. “De forma geral, as áreas que mais demandam avanços são a agricultura de precisão, manejo de irrigação, de solo e outras”.

Mato Grosso é Estado privilegiado. Os produtores quase não enfrentam problemas com doenças porque utilizam cultivares resistentes. “O que mais tem preocupado o produtor é o raquitismo-da-soqueira que pode ser controlado com termoterapia das mudas na formação dos viveiros. Esta tecnologia é barata e fácil de usar”.

O raquitismo-da-soqueira é uma das doenças mais problemáticas da cana-de-açúcar devido à ausência de sintomas característicos, o que dificulta a identificação e permite a disseminação através do plantio de mudas contaminadas. Algumas variedades enfermas, quando cortadas longitudinalmente, apresentam pontuações avermelhadas na região da inserção das folhas. As plantas doentes têm germinação lenta e desuniforme.

Gazeta Digital

Autor: Elaine Perassoli

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