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Seminário analisa os recursos energéticos do Brasil

A ocorrência de um novo apagão reacendeu as discussões em torno de um assunto que ainda não foi devidamente equacionado: a complementação da energia elétrica gerada a partir de outras fontes que não as hidrelétricas. Apesar da causa desta vez não ter sido o desabastecimento, observa-se contudo que o Brasil comete um equívoco ao privilegiar a geração em termoelétricas em detrimento da bioeletricidade.

Essa energia, gerada a partir de biomassa, no caso o bagaço de cana – os resíduos resultantes da produção de açúcar ou etanol, já abastece as próprias usinas com eletricidade limpa há muito tempo. Não se alcançou, porém, um formato que permita aproveitar o excedente gerado pelas usinas para a grade de distribuição.

“Considerando-se a capacidade instalada, o setor sucroenergético apresenta atualmente 5.289 MW, algo como 5% da capacidade brasileira. No entanto, em termos somente de energia gerada e exportada para o setor elétrico, a bioeletricidade ainda é pouco representativa em relação ao seu potencial”, observa Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).

Projeções da UNICA mostram que a bioeletricidade sucroenergética poderá atingir 10.158 MW médios exportados até a safra 2017/18, o que sinalizaria uma reserva de energia para o sistema elétrico superior ao produzido anualmente em Itaipu.

A bioeletricidade é sazonalmente complementar à energia hidrelétrica, pois justamente no período seco, em que as reservas das represas baixam, as usinas estão em plena produção gerando grande quantidade de biomassa. Desta forma, a geração a partir da biomassa torna-se mais eficaz e barata do que a energia produzida em termoelétricas.

A constatação faz parte da pesquisa realizada pela equipe do professor Nivalde José de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O seminário faz parte do Projeto AGORA – Agroenergia e Meio Ambiente, iniciativa de comunicação institucional da cadeia produtiva sucroenergética, cujo objetivo é transmitir à sociedade os benefícios das energias renováveis.

O Projeto reúne entidades e empresas da cadeia produtiva da cana-de-açúcar como a UNICA, as organizações Orplana e Fórum Nacional Sucroenergético, os principais sindicatos da região centro-sul do Brasil, além das empresas Itaú-Unibanco, Monsanto, Basf, Dedini e SEW Eurodrive.

Encontros semelhantes já foram realizados em Brasília (DF) e em Curitiba (PR), com temáticas adaptadas às peculiaridades de cada região brasileira, e seguirão acontecendo em outras cidades.

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