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Safra de cana no Norte e Nordeste começa com atraso

A safra de cana-de-açúcar 2015/16 das regiões Norte e Nordeste começa com atrasos. E a culpa é da estiagem, que afetou a cana soca principalmente na entressafra canavieira das regiões.

A pedidos do Portal JornalCana, o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, fez projeções sobre a safra 15/16 no Norte e Nordeste. Confira a seguir. 

especialnordeste2Quais as projeções da Datagro para a safra de cana 15/16 para as regiões Norte e Nordeste?

Plínio Nastari – A safra começa com atrasos climáticos. Entre abril e maio, período da entressafra nas regiões, a cana soca sofreu com a falta de chuvas. Entre junho e julho as chuvas foram retomadas, principalmente em Alagoas e em Pernambuco. Mas em agosto a estiagem voltou a ser registrada, prejudicando principalmente a Paraíba.

Com isso, houve atraso no início da moagem?

Plínio Nastari – No dia 11 de setembro último, duas das nove unidades sucroenergéticas da Paraíba não tinham iniciado a moagem. Em Pernambuco, na Zona da Mata Norte, a safra também não havia começado para todas as unidades. Já na Zona da Mata Sul, parte delas ficou para começar a moagem em outubro. Em Alagoas, a safra 15/16 começa em outubro.

Não era possível iniciar a moagem?

Plínio Nastari – As usinas postergaram o início da moagem para obter melhor desenvolvimento fisiológico das plantas. Fizemos a identificação [do impacto climático] a partir do Índice Relativo de Chuvas, ‘ferramenta’ na qual são empregados dados pluviométicos de microrregiões com a moagem de cana. Daí é inserida a média normal de 30 anos e sai a variação percentual.

Nastari, da Datagro: Norte e Nordeste também terão safra mais alcooleira (Foto: Divulgação)
Nastari, da Datagro: Norte e Nordeste também terão safra mais alcooleira (Foto: Divulgação)

Qual é a previsão da Datagro para a safra 15/16 do Norte/Nordeste? 

Plínio Nastari – A moagem no Norte/Nordeste está prevista para 62,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Mas esse número será revisado para baixo devido as questões climáticas. A previsão inicial foi feita no começo de agosto e no próximo dia 21 de setembro, na Conferência Datagro, na capital paulista, divulgaremos novas projeções.
Fale sobre as previsões de produção?
Plínio Nastari – As projeções iniciais da Datagro estimam, no Norte/Nordeste, 3,48 milhões de toneladas de açúcar, 2,42 bilhões de litros de etanol (sendo 1,2 bilhão de litros de anidro). Teremos uma safra mais alcooleira, a exemplo do que já ocorre na região Centro-Sul. O mix será 53,2% para etanol e 46,8%. Na safra 14/15, o mix foi 42,03% para etanol e 47,97% para açúcar.
O fenômeno El Niño deve impactar na safra 15/16?
Plínio Nastari – O El Niño é esperado para o último trimestre do ano. Nas regiões Norte e Nordeste, o fenômeno resulta em período mais seco, contra a umidade que gera no Centro-Sul. O viés será de quebra na produção.
Se houver quebras, e com uma safra mais alcooleira, o que deverá ocorrer com os estados das regiões Norte e Nordeste?
Plínio Nastari – O Norte e Nordeste são dependentes de transferências [de etanol] do Centro-Sul. Se houver produção menor, será preciso transferir mais. Se haverá folga [da produção de etanol no Centro-Sul]? Acredito que sim. Trabalhamos sempre com a hipótese de mercado abastecido.
Fale mais a respeito, por favor.
Plínio Nastari – O preço do etanol ao produtor é que precisa ser coerente com o mercado abastecido. Agora esse preço não é coerente. Ele precisa subir até o fim da entressafra para haver volume suficiente.
Como está o preço hoje ao produtor?
Plínio Nastari – No dia 10/9, os preços do hidratado ao produtor, fora impostos, estavam em R$ 1,257 mil o m3 em São Paulo, R$ 1,262 mil no Paraná, R$ 1.201 mil em Minas Gerais e R$ 1.053 mil em Goiás. Não são valores que cobrem os custos de produção.

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