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Região de Ribeirão mira o mercado nipônico

Industriais e usineiros da cidade de Sertãozinho, na região de Ribeirão Preto, comemoram a intenção do governo japonês de duplicar, até 2017, a importação de etanol do Brasil. A expectativa é que a região seja a grande fornecedora de equipamentos e maquinário para a expansão da produção brasileira, além de faturar em dólar com a venda do etanol produzido na região.

Antonio Tonielo, um dos maiores empresários do setor, é um deles. De tradicional família de usineiros e dono de duas usinas na região e uma destilaria, ele acredita que o Japão tem um potencial ainda maior para consumir o álcool da região. “Estamos em um processo no qual o álcool vai virar commodity. Quando isso acontecer, a procura será ainda mais intensa e precisamos estar preparados para a demanda”, comentou. Outro que deve aproveitar o incremento dos negócios é Maurílio Biagi, dono de um grupo de usinas na região e que tem negócios iniciados com os orientais.

Adézio José Marques, presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), concorda. “Não tenho dúvidas que isso será muito benéfico pra nossa região, pois se trata da maior concentração de produção de etanol do Brasil e consequentemente da maior concentração de indústrias voltadas a atender este setor, que logicamente também ganharão com esse aumento de exportações”. Segundo o governo japonês, o país deverá importar 500 milhões de litros de etanol em 2017, e o Brasil, que atualmente exporta 264 milhões de litros anuais de etanol para o país asiático, poderá ser o parceiro ideal para que os japoneses atinjam esta meta. A informação foi divulgada na primeira semana de fevereiro durante visita de uma delegação do Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão à sede da União da Indústria de Cana-de-açúcar em São Paulo.

O grupo, liderado pelo diretor do escritório de políti cas de biomassa do Ministério, Shusuke Fukami, foi formado pelo chefe de seção do mesmo escritório, Atsushi Muramoto, e pelo pesquisador do grupo de estratégia energética para o baixo carbono do Instituto de Pesquisa Mitsubishi, Shigefumi Okumura. “Viemos ao Brasil com o objetivo de buscar informações que possibilitem atingirmos esta meta. O País é um dos que mais tem expandido sua produção em todo o mundo, e por isso gostaríamos de tê-lo como referência,” afirma Shusuke Fukami.

Dados apurados com a Secretaria de Comercio Exterior indicam que o Japão foi o quarto principal destino das exportações brasileiras de etanol em 2010. No mesmo ano, além do etanol, o país asiático também comprou 116.893 toneladas de açúcar. Desde 2003, a legislação japonesa permite uma mistura facultativa de até 3% de etanol na gasolina e há discussões no país sobre o aumento da mistura para até 10%.

Capacidade de sobra

A região de Ribeirão Preto concentra, segundo estimativas da Única ( União da Indústria da Cana-de-Açúcar), aproximadamente 10% da produção nacional de etanol, distribuídas por onze centros produtores, além de ser a sede das maiores empresas fornecedoras de maquinário para usinas. Essas credenciais são mais que suficientes, segundo Adézio Marques, para credenciar a região na luta pelo mercado japonês. “Os industriais do setor podem capitalizar com este aumento, pois, além disso, haverá ainda um aumento na oferta de máquinas e equipamentos, e embora já estejam bem preparadas hoje, ganharão com o desenvolvimento de novas tecnologias a serem oferecidas ao setor.”.

Luiz Amaral, gerente de Meio Ambiente da Unica, concorda. Para ele, setor produtivo brasileiro poderá atender facilmente o volume de 500 milhões de litros de etanol até 2017. “Se considerarmos a safra 2010/2011 até 18 de janeiro no Centro-Sul do país, que totalizou 25.274,4 bilhões de litros de etanol produzido, o volume exportado para o Japão representaria apenas 2% da produção,” ressalta.

Segundo Amaral, essa capacidade é considerada pelos japoneses como ponto chave da parceria. Os visitantes também receberam informações sobre o desenvolvimento da indústria de etanol no Brasil, desde a criação do programa Pró-Álcool, na década de 1970, passando pela implantação dos carros flex pela indústria automobilística brasileira, em 2003. “Eles elogiaram a precisão dos dados e concluíram que o Brasil pode suprir essa demanda”.

Outro que concorda com a opinião é Jaime Baldo, diretor de uma rede de usinas da região de Ribeirão Preto, para quem as exportações de etanol do Brasil devem subir exponencialmente nos próximos anos. “Há uma demanda crescente que pode, e deve, ser ocupada pelo Brasil.

Somos o único país no mundo com tecnologia, terras e conhecimento suficiente para atender a uma demanda que cresce a cada dia”.

A notícia chega em um bom momento para Sertãozinho e deve expandir ainda mais o comercio exterior na cidade. Graças aos preços recordes do açúcar e ao crescente mercado do etanol no mundo, a cidade registrou em 2010 um saldo comercial com o exterior que superou o meio bilhão de reais, um crescimento de quase 100% em relação aos R$ 267 milhões registrados em 2009.

Adézio Marques avalia que o bom resultado pode ser explicado pela expansão do cultivo de cana fora do País que, segundo ele, cresce a cada ano.

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