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Que tudo não volte ao anormal

Se o governo francês não se intimidar com a ameaça terrorista, enquanto você lê estas linhas estará acontecendo a COP21, em Paris, evento global similar aos acontecidos em intervalos médios de 12 anos em Kyoto, Estocolmo, Rio de Janeiro…

Ali, nações ricas e desenvolvidas e países emergentes e em desenvolvimento apresentam seus cases ambientais de sucesso e tentam se precaver contra desastres ambientais futuros, porque a terra geme. (veja matéria sobre o assunto das páginas 43 à 45).

Ainda que muitos critiquem esses encontros, atribuindo-lhes pouco resultado prático, apenas o fato de líderes globais decidirem se assentar para levantar, avaliar e discutir a questão e assinar protocolos de intenções e cartas de metas ambientais de redução das emissões poluentes e letais à natureza e ao homem na atmosfera já são motivo de alento. Não existissem estes esforços e tudo seria ainda pior, tenha certeza.

Nestas conferências e há mais de trinta anos, sempre em sua vez de falar, um representante do governo brasileiro sobe às tribunas para defender praticamente apenas um case de sucesso: o do etanol derivado da cana-de-açúcar. Enquanto é invejado pela maioria dos outros países que não podem tê-lo, seja por falta de terras ou condições climáticas, o representante brasileiro mostra vídeos e tece loas ao produto energético mais ambiental e economicamente eficaz ante os fósseis e enumera as infindáveis qualidades e aplicações da cana-de-açúcar industrializada, etc, etc, etc.

Lamentavelmente, ao terminar a conferência, tudo volta ao anormal. A sensação que se tem é que nem mesmo o próprio país que o criou acredita efetivamente na mercadoria que vende ao mundo. Voltam ao país e, não se sabe se pela fortuna que o petróleo rende em refinarias fantasmas em Pasadena ou nos 15% ou até mais desviados de contratos bilionários superfaturados do pré-sal ou nos desvios para manter campanhas inteiras de partidos ou mesmo para locupletar diretores e políticos canalhas, retomam os investimentos no perigoso fóssil e simplesmente ignoram qualquer apoio ao etanol, deixando a bronca nas mãos dos empresários do setor.

Não aprendem com as lições do passado distante e recente. Afinal, tudo o que é retirado do subsolo pode encantar pelas “facilidades imediatas”, mas em algum momento vai cobrar seu verdadeiro preço. O desastre de Mariana e a morte, ainda que temporária, do rio Doce estão aí para nos lembrar disto a todo instante, apenas para citar um triste exemplo.

Nossa esperança é que os governantes voltem da COP21 dispostos a mudar a forma de pensar e de investir no etanol e na bioenergia brasileira. De uma vez por todas!

O etanol no Brasil é um case de sucesso e deve ser mostrado ao mundo. Antes porém, deve receber o devido valor e políticas de sustentabilidade por parte dos governantes em seu país de origem. E não o tratamento anormal que tem recebido nos últimos anos!

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