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Produção de etanol de milho ganha impulso com maior oferta do cereal

Foto: one cares on Unsplash

A oferta de milho deverá crescer na temporada 2018/19 no Brasil e no mundo.

Apenas em território brasileiro, a produção do cereal saltará 2,1% ante o ciclo 17/18, segundo a Conab, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), chegando a estimadas 27,37 milhões de toneladas.

A expansão na oferta de milho favorece também as unidades produtoras que fazem etanol a partir do cereal.

Em seu último levantamento, com dados entre 16/04/18 a até 1º de janeiro, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) destacou que a produção acumulada somava 512,8 mil metros cúbicos de etanol.

O montante produzido deve alcançar 1 milhão de metros cúbicos em 2019, conforme previsão de Tarsilo Rodrigues, diretor da comercializadora Bioagência, apresentada no Congresso de Bioenergia da Udop em novembro passado em Araçatuba (SP).

A projeção de 1 milhão de metros cúbicos, conforme Rodrigues, leva em conta a entrada de novas plantas produtoras, assim como a expansão de outras.

Hoje situadas basicamente em Goiás e em Mato Grosso, onde há grande oferta de milho, as unidades de etanol do cereal expandem suas fronteiras.

Em Paraná e em Minas

Miguel Rubens Tranin, presidente da Alcopar, entidade representativa do setor sucroenergético no Paraná, disse para o JornalCana que a entrada de destilarias a milho no estado é apenas questão de tempo. “Temos oferta do cereal para isso e já negociamos”, comentou.

Minas Gerais também se prepara para entrar na produção de etanol de milho.

A Bevap, com unidade no município de João Pinheiro, deve iniciar a fabricação do biocombustível a partir do cereal no mais tardar em 2020. A informação foi revelada para o Jornal Cana por Gilmar Galon, gerente de divisão industrial da empresa.

A edição impressa do JornalCana de fevereiro trará entrevista com o executivo na qual ele detalha informações sobre o investimento. 

Em estados tradicionais de produção de etanol de milho, há a chegada de novas unidades como a da Inpasa de Paraguai S/A, em fase de implantação em Sinop (MT).

A FS Bioenergia terá sua segunda planta de etanol de milho no MT localizada em Sorriso. A primeira, que opera desde 2017, fica em Lucas do Rio Verde.

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Já Goiás deverá ganhar duas plantas de etanol de milho em 2019. André Rocha, presidente do Sifaeg, representante do setor no estado, revelou em dezembro que o estado passará a contar com unidade da Cerradinho Bio e da Santa Helena. “Em 2018 já tivemos a entrada em operação da unidade de milho da Usina Caçu”, disse ele em evento com a participação do JornalCana.

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Como deve ser a oferta de milho

A expansão das unidades produtoras de etanol de milho e de fontes proteicas como DDGs, com alto valor agregado, depende muito da oferta do cereal.

Por isso mesmo a previsão da Conab, de oferta 2,1% maior no ano-safra 18/19, favorece o setor. Essa previsão de alta ocorre devido ao aumento de 0,8% na área e de 1,3% na produtividade média.

Em relatório, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, destaca que até o início de dezembro as boas condições climáticas haviam favorecido o desenvolvimento das lavouras de milho verão nas principais regiões produtoras. No entanto, agentes estão receosos quanto aos impactos do clima quente e seco sobre a produtividade registrados em dezembro.

Elevação

O Cepea, contudo, está otimista para a temporada 2018/19, para quem é esperado aumento na oferta de milho no Brasil e no mundo.

No Brasil, segundo a instituição, a elevação deve ocorrer devido aos maiores patamares de preços do cereal nos últimos meses e ao rápido semeio da soja na primeira safra, que favorecerá o cultivo da segunda temporada de milho.

Com isso, deve haver aumento dos excedentes internos, mesmo com maior consumo, o que pode pressionar as cotações.

Já em termos mundiais, porém, a demanda deve aumentar mais que a oferta, pressionando os estoques e podendo elevar os preços internacionais. Espera-se, também, aumento nas transações internacionais, o que deve ser uma boa alternativa para as exportações brasileiras.

Consumo interno 

O Cepea projeta que o consumo interno é estimado em 62,5 milhões de toneladas, elevação de 4,4% em relação à temporada anterior. Essa alta também é projetada por conta da industrialização crescente do cereal, inclusive com novas iniciativas de produção de etanol de milho na região Centro-Oeste e a elevada produção de ração animal .

A soma da produção do milho verão ao estoque de passagem, estimada pela Conab em janeiro, estava em 15,8 milhões de toneladas ao final de janeiro/19, o que indica suprimento de 43,15 milhões de toneladas para o primeiro semestre. Este volume é equivalente a 69% do consumo doméstico no ano, cenário que deve favorecer compradores.

Para a segunda safra, a perspectiva também é de aumento na área, devido ao semeio do cereal dentro da “janela ideal”. Isso mantém a perspectiva do potencial produtivo da cultura.

Produtividade

Porém, em seu relatório o Cepea destaca que por ora a Conab mantém as estimativas de área da temporada anterior, e perspectiva de produtividade média de 5,51 t/ha. Com isso, a produção do milho segunda safra 2018/19 está projetada em 63,73 milhões de toneladas, aumento de 18% frente à temporada anterior. Caso as estimativas da Conab se concretizem, a produção total de milho deve atingir 91,10 milhões de toneladas.

Possíveis impactos

Apesar da expectativa de produtividade elevada no campo, produtores estão atentos à probabilidade de El Niño em 2019. Caso esse cenário se confirme, as chuvas menos frequentes no Centro-Oeste podem impactar o desenvolvimento das lavouras, relata o Cepea. Até 16/01, a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) indica probabilidade de ocorrência deste fenômeno de 70% no primeiro trimestre no território brasileiro.

Oferta mundial

Em termos mundiais, em seu relato o Cepea explica que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção deva atingir 1,099 bilhão de toneladas, elevação de 2,2% em relação à temporada anterior.

A elevação é decorrente principalmente de aumentos nas produções estimadas do Brasil, Argentina, Sérvia e Ucrânia. O consumo deve atingir 1,131 bilhão de toneladas, aumento de 4,2% em relação ao anterior.

Quanto às transações internacionais, o USDA espera aumento de 8,1%, indo para 162,2 milhões de toneladas. Por enquanto, o Brasil se consolida como quarto maior exportador, com 26,5 milhões de toneladas, atrás da Argentina, com 27,5 milhões, Ucrânia, com 28 milhões e Estados Unidos, com 62 milhões de toneladas.

Com aumento na produção menor que o do consumo, o estoque mundial deve atingir 308,8 milhões de toneladas, quantidade 9,2% inferior à temporada passada. Quando analisada a relação estoque final/consumo para a safra 2018/19, existe redução em relação à temporada passada, de 4 p.p., para 27,3%, o que pode contribuir para a sustentação dos preços internacionais do médio ao longo prazo.

 

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