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O “samba do crioulo doido” do segmento sucroenergético

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Nos anos 50 e 60, existiu no Brasil um dos mais inteligentes cronistas que escrevia, principalmente, para o Cruzeiro, a mais famosa Revista da época. O nome dele era Sérgio Porto, mas usava o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. Fazia as matérias com um humor crítico e sarcástico. Dentro de seus artigos, tinha um tópico que se chamava FEBEAPA, que era a sigla de “FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLAM O PAÍS”, onde ele delatava as grandes “burradas” que se praticavam no Brasil, e também é dele o famoso “SAMBA DO CRIOULO DOIDO”, cuja letra era uma miscelânea sem pé nem cabeça, que o compositor de uma escola de samba fazia sobre fatos históricos que tinha ouvido falar, mas que nada sabia a respeito.

Pois bem, tanto o “SAMBA DO CRIOULO DOIDO” como o FEBEAPA, nos parecem ser as analogias mais adequadas para descrever o que está acontecendo no segmento sucroalcooleiro.

Dizem que do boi só se perde o berro, já no segmento sucroalcooleiro, nem o berro é perdido porque usina não berra. Apesar de que seus LIDERES, de vez em quando, DEVERIAM APRENDER A BERRAR PRA VALER, coisa que não sabem fazer!

De uma maneira muito enxuta, vamos ponderar o que uma usina produz:

a) Açúcar;

b) Álcool (combustível);

c) Cogeração energética (energia LIMPA, renovável, e autossustentável);

d) Levedura;

e) Bioenergia;

f) Biodiesel;

g) Plástico biodegradável;

h) Desenvolvimento Social (leva riqueza e progresso aonde se instala);

i) Gerador de riqueza (Traz enormes lucros para o país e evita gastos com importações);

j) Desenvolvimento tecnológico;

k) Empregos (um dos setores que mais gera empregos no país, que mais bem remunera e profissionaliza); dentre tantos outros.

Agora vamos ao “SAMBA DO CRIOULO DOIDO” e ao FEBEAPA.

Sobre fatos não há argumentos. Vejam o que aconteceu na cidade de Quirinópolis em Goiás, um exemplo claro dos benefícios que as usinas proporcionam, tanto econômicos, sociais, quanto ambientais.

Antes da chegada de duas usinas no ano de 2005, a situação era a seguinte: existiam 1.000 empresas e 5.000 empregos formais. Seis anos depois eram 3.300 empresas e 11 000 empregos, com salário médio que saltou de R$ 700 para R$ 1.500. A arrecadação de ISS multiplicou por 10 e a de ICMS pulou de R$ 8 milhões para R$ 25 milhões.

Nestes resultados não estamos nem comentando os ganhos dos demais setores na cadeia produtiva, tais como: fornecedores, máquinas, equipamentos, insumos, comércio, e etc. (Fonte: UNICA)

Pois bem, diante do exposto, deveríamos vibrar de alegria, pois foi constatado e comprovado, em estudos sérios, que até 2020 existe uma demanda para a implantação de mais 100 usinas com uma moagem de 3.2 milhões de ton/ano cada. Mas, aí surge o inexorável FEBEAPA, e o “SAMBA DO CRIOULO DOIDO”, conforme segue:

– Há 7 anos o ex-presidente proclamava a autossuficiência na produção de petróleo. Realidade atual: só em 2012 o Brasil importou R$ 15 bilhões em derivados de Petróleo, e durante esses 7 anos a balança comercial do petróleo apresentou um déficit superior a R$ 57 bilhões.

– O primeiro ato do ex-presidente foi cancelar a compra de plataformas da Petrobras, pois era um absurdo comprar coisas do estrangeiro. Passados 10 anos, a Petrobras chegou ao limite máximo de endividamento, ou seja, quase 3 vezes a sua geração de resultados. Hoje, em vez de comprar as plataformas, prefere alugar a um custo que ficou em R$ 4 bilhões em 2011 e de R$ 6 bilhões em 2012, e o que é pior, todas as locações são feitas com empresas estrangeiras.

E dá-lhe FEBEAPA.

– Em 2006 uma empresa belga comprou uma falida refinaria no Texas por US$ 42 milhões. Poucos meses depois vendeu essa refinaria por US$ 1,2 bilhões, e sabe quem comprou? Foi exatamente quem você está pensando, a Petrobras. Em seguida, quando verificaram a besteira que fizeram (se é que já não sabiam), mandaram avaliar para vender. E a tal refinaria foi avaliada em US$ 100 milhões. Vale ressaltar que só no ano passado houve uma despesa de mais de R$ 450 milhões com essa refinaria.

– O governo fez uma campanha para convencer os trabalhadores a retirarem o dinheiro do FGTS para investir na Petrobras, e o que aconteceu? Os que investiram, perderam 50 % do que aplicaram.

-“Na política da boa vizinhança”, a Petrobras exportou para a Argentina, a fim de que aquele país pudesse “segurar a inflação”. Gasolina pura, sem mistura de álcool, a R$ 0,65, assim eles podem manter o preço de R$ 0,98 na bomba, enquanto que por aqui o preço é, em média, R$ 2,80.

– Por essas e outras, no balanço de 2012 a Petrobras apresentou um passivo de R$ 332.3 bilhões, tendo apenas como ativo R$ 118.1 bilhões, ou seja, a Petrobras deve 3 vezes o que tem em caixa.

Obs.: os dados acima foram extraídos de informações do Sr. Marco Antonio Pinto de Faria, presidente do Grupo SKILL.

Segundo informações da Miriam Leitão (jornalista e escritora), só o rombo da conta de petróleo, gás e combustíveis no primeiro semestre deste ano foram de US$ 15.8 bilhões, e não esqueçam que para agravar a situação, o dólar está com mania de alpinista, só está subindo.

Agora você pode estar perguntando: Por que trouxemos esse tema para o “DICAS”, já que nos referimos a Petrobras? A resposta é muito simples. As consequências das ações alopradas que fazem por lá, e, principalmente, o fato de comprarem a gasolina por um preço mais alto e venderem no mercado interno por um preço menor, tem se tornado uma das principais causas da forte crise do setor, o que força, muitas vezes, as usinas a venderem o álcool para a Petrobras por um preço inferior ao custo de produção. Em função da situação que a Petrobras se encontra, o governo não consegue, ou não tem interesse, em definir a política que deve adotar para o setor, e, sem definição de política e preço justo, ninguém se arrisca em investir, e, sem investimento a consequência é que toda a cadeia produtiva sucroalcooleira, que poderia estar no auge da prosperidade, acaba tendo de amargar a mais dramática crise de sua história.

Agora deu para entender o motivo principal que está causando a crise nas usinas e porque do FEBEAPA e o “SAMBA DO CRIOULO DOIDO” NO SEGMENTO SUCROALCOOLEIRO?

Mas, por mais paradoxo que possa parecer, temos a boa notícia. E ela é, exatamente, a enorme crise e todas as consequências que causa ao segmento, pois, historicamente, o setor sempre esteve e cresceu na crise, a qual foi e é a responsável pela potência que nos tornamos. Assim como o halterofilista, que quanto mais peso levanta mais forte fica, o segmento sucroalcooleiro quanto mais crise enfrentar mais forte, competente e unido se tornará.

CONFIANTES E OTIMISTAS, SIGAMOS RUMO AO BRILHANTE FUTURO QUE NOS AGUARDA.

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