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O bom negócio com energia brasileira

A indústria do petróleo no Brasil chegou à idade adulta. A evolução não está mais restrita apenas à busca da auto-suficiência, na verdade o mais consistente subproduto da era do “petróleo é nosso”. O novo perfil da crise mundial do óleo – que é de demanda e não mais de oferta – empurra a questão para a plena internacionalização do conceito matriz energética. Ou seja, alternativas ao petróleo se transformaram em obrigação e não mais escolha. Por isso, tem importância que a Petrobras obtenha neste ano, pela primeira vez, superávit (R$ 3 bilhões) na balança de petróleo e derivados.

O início de operação da plataforma P-50 consolida a auto-suficiência do País. A produção do ano passado, 1,68 milhão de barris/dia, ficou abaixo da demanda de 1,8 milhão de barris/dia. Em 2006, a previsão é de 1,91 milhão de barris/dia de produção, para demanda projetada de 1,85 milhão.

A saúde financeira da empresa permite uma internacionalização. Afinal, a diretoria financeira da Petrobras garante que há US$ 8 bilhões em caixa para esse processo. Geograficamente, a estatal já acumulou forte expansão. Depois da abertura de subsidiária no Chile, a Petrobras está presente, em várias frentes de negócios, em toda a América Latina. Nessa expansão, o “negócio do gás” foi essencial.

Por outro lado, a crise de demanda não permite mais que o mundo mantenha a concentração na matriz energética petróleo. Os 2 minutos e 15 segundos dedicados pelo presidente Bush, no discurso sobre o estado da União, à independência energética do país foram os mais significativos para os países que têm alternativas de oferta nesta área. Editorial do The New York Times afirmou que a excessiva dependência dos EUA por petróleo “tem sido um desastre para a nossa política externa”.

O jornal pressionou o governo a adotar “novas fontes de energia limpa e barata” e lembrou a auto-suficiência brasileira em óleo e a alternativa do álcool. A capacidade de refino nos EUA cresce 1% ao ano (por problemas ambientais), a metade do aumento da demanda. Os incentivos ao etanol, direcionados aos produtores de milho do Meio Oeste, não deram resultado e as importações do produto ainda enfrentam tarifas altíssimas.

Por mais que sejam necessárias novas opções energéticas, perfurar couraças protecionistas como a dos EUA exige uma empresa internacional forte. Neste ponto, a Petrobras consolidou bem sua posição como exportadora de álcool. A construção de alcoolduto das usinas de Goiás até o terminal marítimo de São Sebastião dará à companhia capacidade de dobrar a exportação de álcool, que neste ano já foi de 2,5 bilhões de litros.

Em dezembro, a Petrobras buscou associação com a estatal japonesa Nippon Alcool Hanbai, com a criação da Brazil-Japan Alcohol, para atender à demanda já autorizada pelo governo de 3% de álcool misturado à gasolina da segunda economia do mundo.

Não é diferente com o gás. As descobertas de campos de gás natural nas bacias de Santos e de Campos, mais a hipótese de construção de um “anel energético” interligando gasodutos e economias sul-americanas, abriram boas possibilidades de internacionalização deste produto.

A Petrobras trabalha com a expectativa de aumento de 9%/ano na produção, até 2010, quando atingirá 2,3 milhões de barris/dia. Porém, a empresa estima que as reservas brasileiras – em torno de 13 bilhões de barris – garantem consumo de 17 anos nesse ritmo. A estatal não planejou expansão acreditando só na descoberta de novas reservas de óleo. A série publicada anteriormente pela InvestNews e pela Gazeta Mercantil O Novo Mapa do Petróleo no Brasil exibe as possibilidades de expansão desta e de outras matrizes energéticas no País.

O avanço no quadro geoenergético brasileiro só é possível porque a Petrobras não se encolheu, internacionalizou suas projeções, ocupou espaços. Com competência e sem medo dos concorrentes. Oxalá, leve o País com ela. Como, aliás, o fez nas últimas cinco décadas.

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