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No Brasil de muito sol, a energia solar ainda é inviável pelo alto custo

O governo brasileiro, através da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) já investiu cerca de 200 milhões de reais em pesquisas relacionadas a produção da energia eólica, afirma o economista Hudson Lima, chefe do Departamento de Energia e Tecnologias Limpas da instituição. “Podemos dizer que a produção e o crescimento desta fonte dentro da matriz já é uma realidade no país”, acredita.

Em contrapartida, os investimentos em energia solar, fonte em que o Brasil tem uma das maiores capacidades produtivas do mundo, ainda engatinham. O motivo, segundo Lima, é o elevado preço da sua produção. “A energia solar ainda é uma forma economicamente inviável de se fazer energia em grande escala, pois o seu alto custo a torna impossível para as indústrias”, afirma Lima.

Depois de semanas de incerteza, os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas, de onde é produzido 90% da eletricidade nacional, subiram em mais de 4% e a previsão é de que mais chuva ajude a normalizar o sistema nos próximos meses. O atraso na chegada do chamado “período úmido” do ano deixou autoridades e brasileiros preocupados com a possibilidade de um novo “apagão”.

O desenvolvimento de outras fontes de energia contribuiria para a maior segurança energética do país e é importante principalmente em momentos como este. “Há uma grande capacidade no país, não apenas para a eólica e solar, mas também para a biomassa, através da queima do bagaço da cana ou o etanol”, exemplifica o economista.

Energia Solar: custo alto demais

A saída para o desenvolvimento da produção solar, segundo Lima, é através da Geração Distribuída, com a instalação de painéis fotovoltaicos em casas, empresas, estabelecimentos comerciais e prédios, por exemplo. O sistema funciona oferecendo a quem adotá-lo créditos pela energia não utilizada. Estes créditos podem ser utilizados no mês seguinte.

A Geração Distribuída tem sido utilizada em diversos países, como os Estados Unidos e a Espanha, por exemplo. Esta forma, em fase de regulamentação no Brasil, tem o benefício de não demandar outros gastos públicos, como distribuição e transporte. E o potencial do Brasil na área é indiscutível: o pior local em insolação do país é ainda melhor do que o local mais ensolarado da Alemanha. Ainda sim, a nação germânica é a maior produtora de energia fotovoltaica do planeta, segundo o especialista.

“Ainda há muito a ser desenvolvido aqui no Brasil para o futuro, mas não vejo a solar como grande parte da matriz energética do país, pelo alto custo”, analisa Lima.

O Megawatt instalado da produção solar custa, em média,10 milhões de reais. Em comparação, na energia eólica o Megawatt instalado sai por R$ 3,7 milhões. Em maio do ano passado, a Alemanha bateu um recorde mundial neste tipo de geração: em apenas um final de semana as usinas de energia solar produziram 22 gigawatts (GW) de eletricidade — o equivalente a produção de 20 centrais nucleares em capacidade total.

Tudo por um custo alto demais, inviável para a renda dos brasileiros. Por ano, os cidadãos alemães pagam cerca de 4 bilhões de euros sobre suas contas para financiar a energia solar, segundo Ministério do Meio Ambiente do país.

Eólica cresce em ritmo acelerado

Enquanto isso, os investimentos em energia eólica seguem em ritmo acelerado. O país já tem cerca de 2 gigawatts de capacidade em funcionamento e sete em processo de instalação. As perspectivas para o setor são otimistas, afirma Hudson, principalmente depois do resultado do leilão da Aneel, que atingiu o preço de R$ 87,94 por MW/hora. “Isto mostra a viabilidade econômica para a produção e comercialização desta fonte energética”.

Dados oficiais apontam capacidade de 60GW de energia eólica para o Brasil, mas existem estudos que já apontam que este número, em torres de 100 a 120 metros, pode chegar a 130GW.

As dificuldades para a ampliação do parque eólico nacional se esbarram em problemas de infra-estrutura já conhecidos do país. As redes de transmissão defasadas, que também prejudicam a distribuição da energia gerada a partir das hidrelétricas, acabam tirando efetividade da eólica. Isto porque, por ter uma produção “não armazenável” e inconstante, os picos de produção acabam sobrecarregando o sistema.

“Hoje tem um desafio grande em relação a esta configuração de que as linhas de transmissão passam a ser um gargalo, e o nosso modelo do fio prevê uma divisão de custo entre quem transmite e quem produz. Há um debate em relação a quem deveria arcar com estes custos”, afirma.

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