Mesmo sem levar vantagem, consumidor ainda prefere o etanol

 

 

Com a alta do etanol, ele deixou de ser vantajoso em relação à gasolina desde a última semana de setembro. Mesmo assim, muitos consumidores ainda dão preferência ao combustível da cana-de-açúcar. Um posto de Americana fixou um cartaz “avisando” os clientes que não compensa abastecer com o álcool neste patamar de preços.

Durante muito tempo, o álcool esteve mais vantajoso, e pela falta de atenção, muitos acabam optando pelo combustível. Essa é a avaliação do proprietário do posto que está alertando os clientes com uma faixa, Renan Rattis. “O pessoal está indo no automático, por um ano inteiro o álcool estava valendo a pena. Estou vendendo mais gasolina que álcool, mas ainda vendo muito etanol para carros flex. O etanol corresponde a quase metade do meu faturamento, e nem 1% da frota é de carros que só abastecem com álcool”, estimou.

Para saber qual combustível é mais vantajoso, é preciso dividir o preço do etanol pelo da gasolina. Só deve-se optar pelo álcool caso a conta seja menor do que 0,7. O frentista Celso Lisse contou que os motoristas ficam receosos de que o veículo não reconheça a gasolina e comece a falhar. “A maioria pergunta o que está compensando e acabam comprando gasolina, mas tem uns que ainda abastecem com álcool por medo de não pegar”.

A orientação é esperar que o tanque entre na reserva para enchê-lo com outro combustível. A partir daí, deve-se rodar pelo menos 10 quilômetros para que o sensor se acostume com a mudança no veículo.

O papeleiro Gerson Vieira sempre dá preferência ao etanol, mesmo que a gasolina esteja com um preço mais vantajoso. Ele explica que o fator preponderante é o preço do litro, mesmo que ele renda menos. “Acho que a gasolina é melhor para o carro, mas se você enche o tanque com ela fica mais caro. Às vezes o etanol não compensa a quilometragem, mas se é o que você tem de dinheiro ali na hora, você completa com ele”, afirmou.

Além de mais vantajosa em termos de eficiência, a gasolina também provoca um desgaste menor ao veículo. O mecânico Fabio Tobias Bertela explicou que um carro movido a etanol precisa passar por revisão a cada 35 mil quilômetros rodados, enquanto que os demais devem passar por avaliação a cada 45 mil.

As peças que mais se desgastam são filtro, bico, velas e a válvula. “A gasolina tem uma explosão mais rápida, mais forte. Já o álcool é um combustível mais seco, requer uma explosão maior. Vejo muita gente cedendo à ilusão do ponteiro e indo no etanol”, afirmou Bertela.