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Lamy assume cargo amanhã na OMC

Para um mandato de quatro anos, o francês Lamy, de 58 anos, substitui o tailandês Panitchpakdi. Pascal Lamy assume amanhã o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), com 100 dias pela frente para reativar as negociações sobre livre comércio, complicadas pelas questões agrícolas e por um silencioso enfrentamento Norte-Sul. O francês, de 58 anos, que tem reputação de ser trabalhador exigente, substituirá o tailandês Supachai Panitchpakdi em mandato de quatro anos.

A primeira tarefa do ex-comissário europeu para o Comércio será preparar a conferência ministerial de Hong Cong que deve coroar em dezembro quatro anos de negociações multilaterais. “Não cabe dúvida de que há muito trabalho à frente, afirmou o ex-embaixador do Canadá na OMC, Sergio Marchi. “Há toda uma lista de assuntos para resolver, e, além disso, para solucionar de imediato”, acrescentou.

Durante a sua campanha, Lamy, assumiu como “prioridade um, dois e três” concluir com êxito o ciclo de negociações lançado em Doha, no Catar, em 2001. Este “ciclo de Doha” devia ter sido concluído no fim do ano passado, mas os desentendimentos entre os países membros frearam o processo, que agora não se prevê que termine ante do fim do próximo ano. Os países do Sul exigem melhor acesso de seus produtos agrícolas aos mercados dos países do Norte, que, por sua vez, exigem mais abertura para os seus serviços e produtos industriais.

Para superar as dificuldades, Lamy conta com a vantagem de haver sido designado em maio passado, entre os 148 membros da OMC, por vários países em desenvolvimento, apesar destes terem enfrentado o novo chefe da OMC quando defendia os interesses europeus. Este ambiente de consenso contrasta com o psicodrama que cercou a designação dos dois antecessores de Lamy, em 1999. Incapaz de chegar a um acordo a OMC nomeou cada um deles por três anos, em mandatos reduzidos que os colocou em situação de fragilidade.

“Os dois diretores gerais precedentes foram afetados pelo processo e pela funesta decisão de 1999 “, lembra Marchi, que ocupou o cargo de negociador chefe da OMC. “Em compensação, agora se espera mais” de Pascal Lamy. A conferência de Hong Cong, a ser realizada de 13 a 18 de dezembro, deverá dar forma final ao acordo em preparação.

Mas um fracasso seria dramático para a OMC depois das malogradas conferências de Seattle, nos Estados Unidos, em 1999, e de Cancún, no México, em 2003. Depois de Cancún, Pascal Lamy classificou de “medieval” o funcionamento da OMC, onde prevalecem a norma do consenso.

Assim, poderá ser tentado a modificar o método de negociação, como lhe sugeriu o seu sucessor na União Européia (UE), Peter Mandelson, que deseja que os países membros abordem simultaneamente os aspectos mais difíceis da negociação, em vez de tratá-los um a um. Desta maneira, poderia pedir maior envolvimento dos ministros, imprimindo às negociações um tom mais político do que os debates técnicos organizados em Genebra em nível de embaixadores.

Contudo, o diretor-geral da OMC tem apenas limitada influência nas negociações. Em Bruxelas, capital da UE, Pascal Lamy “estava na primeira linha, com idéias muito claras e uma atitude muito incisiva”, lembra Marchi. Na OMC “é ao contrário”: é preciso obter acordo na base”, acrescenta o ex-diplomata, que, contudo, considera o novo chefe da Organização perfeitamente capaz de superar esse desafio. Nenhuma cerimônia particular está prevista para a tomada de posse de Lamy, que já participou no fim de julho de uma discreta passagem de cargo com Supachai.

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