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Índia avisa que não fará concessões na negociação da Rodada Doha

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, quer um acordo na Rodada Doha no fim do ano porque acha que isso será ” bom para a humanidade ” , mas há parceiros do G-20 que têm dúvidas sobre se será bom para eles. O ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath, avisou ontem que seu país não tem a menor intenção de mostrar flexibilidade na reunião de ministros que deve ocorrer na próxima semana.

Kamal soltou as baterias inclusive contra a reunião ministerial da semana que vem, alegando que está mais preocupado com questões de segurança em seu país. Ele diz que não quer vir a Genebra para ” aumentar o sofrimento ” de milhões de agricultores indianos com um acordo de liberalização e se queixa de que os países ricos não fizeram concessões para levar a nova tentativa de acordo.

Reunidos ontem, os 152 países membros da OMC constataram o impasse na área industrial, sobre a demanda dos EUA de acordos setoriais específicos para eliminar rapidamente as tarifas. Negociadores acham que a questão de setoriais será na semana que vem o mesmo problema que foram as salvaguardas agrícolas na fracassada negociação de julho. Ontem, foi destruída por consenso uma proposta mexicana para dar compensação a países que participassem de setoriais, por exemplo podendo cortar menos as tarifas no geral.

A pressão de alguns países por um acordo até o fim do ano tem aumentado também sobre Pascal Lamy, o diretor-geral da OMC. Lamy é candidato a permanecer no cargo por mais quatro anos e quer fazer o mínimo possível de descontentes, o que em todo caso ocorrerá com ou sem acordo.

A comissária européia de Comércio, Catherine Ashton, fez ontem um balanço ao Parlamento Europeu, onde, em síntese deixou claro que a UE vai pagar pouco e ganhar muito. Na área agrícola, o pacote de Doha estará em linha com a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) de 2003. De outro lado, espera ganhar bastante no setor de serviços, onde já é o maior exportador mundial. Também calcula que a facilitação de comércio, com menos problemas burocráticos nas aduanas, representará ganho equivalente a 3% das exportações européias.

Menos esperançosos estão seis ministros africanos dependentes de exportações de algodão – Benin, Chade, Mali, Senegal, Costa do Marfin e Zimbábue -, que vieram ontem a Genebra pedir mais uma vez pela completa eliminação dos subsídios ao produto nos países ricos e por compensação financeira enquanto as subvenções dos industrializados não forem removidas. Os EUA não querem chegar a esse ponto.

Ao mesmo tempo, um estudo publicado em Genebra destaca que um novo acordo de Doha pode ampliar as exportações agrícolas brasileiras, especialmente de produtos como algodão, soja e açúcar. O estudo tem como autores André Nassar, Cinthia Cabral da Costa e Luciane Chiodi, e é publicado pelo Centro Internacional para Comércio e Desenvolvimento Sustentável, pelo Food and Agricultural Trade e pelo International Food Policy Research Institute.

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