Mercado

Gestão da Copersucar já é 100% profissional

Quase um ano depois de se tornar uma empresa S.A. (Sociedade Anônima), a Copersucar decidiu profissionalizar totalmente sua gestão. A decisão foi anunciada ontem durante assembleia com seus acionistas. Hermelindo Ruete de Oliveira, presidente do conselho de administração da companhia e acionista, deixa o cargo após seis anos, passando o bastão para Luís Roberto Pogetti, que estava na presidência-executiva. Paulo Roberto de Souza, diretor comercial do grupo, assume a posição antes ocupada por Pogetti.

A decisão de profissionalizar totalmente a empresa, incluindo a presidência do conselho de administração, faz parte de uma estratégia mais ambiciosa. Mais independente e com uma gestão totalmente transparente, a Copersucar quer atrair novos sócios para expandir os seus negócios. Como uma S.A., as usinas do grupo deixaram de ser associadas à cooperativa para tornarem-se acionistas.

O processo de profissionalização do grupo teve início em 2003, quando um executivo de mercado foi contratado para o cargo de CEO da maior cooperativa de açúcar e álcool do mundo. Até então, em 50 anos de história – comemorados hoje -, apenas usineiros ocupavam posições estratégicas na companhia. Um ano depois, a Copersucar vendeu um dos seus mais tradicionais ativos: a marca União, para a Nova América, incorporada este ano pela Cosan.

A saída do grupo do varejo para se dedicar à infraestrutura logística para escoamento de açúcar e álcool e comercialização dos dois produtos dentro e fora do país surpreendeu o mercado. Segundo especialistas, a decisão foi acertada, uma vez que, apesar da forte marca no varejo, a rentabilidade deste segmento não trazia grandes vantagens à cooperativa.

“Concluo minha gestão com a sensação de dever cumprido”, afir! mou Ruete, 52 anos, engenheiro civil de formação e filho de um do tradicional usineiro do país, Virgolino de Oliveira. Desde 2003 na presidência do conselho da empresa, Ruete torna-se membro do conselho e fará parte do comitê de relações institucionais criado pela Copersucar. Outros dois comitês, o de governança e o de gestão de risco, também foram estabelecidos.

Pogetti, contratado pela Copersucar em 2001, foi ganhando a confiança na companhia. Em 2004, assumiu a presidência da cooperativa e agora será o novo presidente do conselho de administração. Com 50 anos, formado em administração de empresas, o executivo trabalhou 15 anos no Banco do Brasil. Antes passou pela Sharp e também pela Samsung.

“A princípio, a Copersucar cogitou contratar outro executivo no mercado para o cargo [assumido por Pogetti]. Mas os acionistas perceberam que Pogetti preenchia todos os requisitos para assumir a presidência do conselho”, afirmou Luiz Carlos Cabrera, da Fundação Getúlio Varg! as (FGV), que ajudou a coordenar essa etapa de profissionalização da Copersucar. “É um avanço. É a primeira empresa do setor [sucroalcooleiro] a ter uma gestão 100% profissionalizada.”

Com 34 usinas acionistas, das quais a usina paulista Ferrari, que fez sua adesão há quase dois meses, a Copersucar está em busca de novos sócios. Segundo Pogetti, o grupo tem um plano ambicioso de expansão e planeja triplicar até 2018 a participação da companhia na comercialização de açúcar e álcool no país. Atualmente, a empresa responde por 16% da comercialização nacional.

Neste ano, a empresa contratou um agente nos EUA para abrir mercado para o etanol da Copersucar naquele país. A empresa já possui um escritório em Roterdã, na Holanda, para facilitar a entrada do álcool exportado pela companhia para os países da Europa.

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