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Fundos ampliam aposta na valorização da soja

Fundos ampliam aposta na valorização da soja

Depois de passarem os dois primeiros meses de 2016 bastante pessimistas quanto à alta da soja em Chicago, os fundos que especulam nos mercados agrícolas se reposicionaram em março. Desde meados deste mês, os investidores construíram um saldo líquido comprado (que indica a aposta na valorização), sob o impulso da perspectiva de corte da área plantada nos Estados Unidos e do avanço nas cotações do óleo e do farelo, derivados do grão.

Segundo relatório divulgado na sexta-feira pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), os gestores de recursos (“managed money”) encerraram a semana de 22 de março com uma posição líquida de compra de 53.682 contratos (entre futuros e opções) de soja, um expressivo aumento de 146,5% em relação à semana anterior.

A consultoria Informa Economics reduziu em 410 mil hectares, para 34 milhões, sua projeção para o plantio de soja na safra 2016/17 dos EUA, cuja semeadura ganhará força nas próximas semanas. Além disso, o dólar cedeu ante outras moedas nas últimas semanas, o que contribuiu para aquecer a demanda pela soja americana, que ficou mais barata para compradores estrangeiros.

Esse aumento de competitividade dos EUA influenciou também o milho em Chicago. Os especuladores diminuíram em 17,8% o saldo líquido vendido (crença na baixa de preços) do grão na semana até o dia 22, para 154.569 contratos. A alta do petróleo colabora para sustentar a commodity, porque incentiva as refinarias a elevarem o uso de combustíveis como o etanol de milho.

De todo modo, o maior otimismo com milho e soja é limitado pelo avanço da colheita na América do Sul e pelos relatos de produtividade acima do esperado na região. Ainda em Chicago, os fundos também reduziram as apostas na queda do trigo duro, devido à preocupação com o frio em regiões produtoras americanas, mas se mantiveram pessimistas em relação ao trigo brando, de menor qualidade.

Na bolsa de Nova York, a recente desvalorização do dólar ante o real deixou os fundos mais confiantes na alta do açúcar demerara e do café arábica. O saldo líquido de compra do açúcar cresceu 40,4% na semana até o dia 22, para 146.663 contratos, e do café, dobrou, para 26.040 contratos.

O enfraquecimento da moeda americana desestimula as vendas externas pelos produtores do Brasil, na medida em que reduz a rentabilidade das exportações. Com menos oferta no mercado, os preços tendem a subir. No que diz respeito aos fundamentos, porém, as notícias são baixistas, uma vez que o clima nas regiões produtoras brasileiras permanece em geral favorável aos canaviais e aos cafezais.

No caso do cacau, os especuladores aumentaram em 12,4% a posição líquida de compra em Nova York, para 29.250 contratos. Chuvas voltaram ao oeste da África após um longo período seco, mas perdas de produtividade já são dadas como certas.

Menos pessimistas com o algodão, os fundos cortaram em 14,2% o saldo líquido de venda da fibra na semana até 22 de março, para 9.605 contratos vendidos. O mercado está na expectativa para os leilões de estoques que a China promoverá em abril, mas a demanda pelo algodão americano continua sustentada.

E, mesmo sem novidades relacionadas aos fundamentos, o saldo líquido de venda do suco de laranja caiu 36,9%, para 840 contratos.

Fonte: (Valor)

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