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Falta de chuva leva o preço da energia a pico histórico

A escassez de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentram os maiores reservatórios do país, deve levar hoje a um pico histórico os preços da energia comprada por distribuidoras e grandes empresas no mercado de curto prazo. O recorde atual, alcançado em 2008, é de R$ 569,59 o megawatt-hora. Segundo indicações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que fez uma reunião ontem com agentes do setor, esse valor será superado. Há chances, inclusive, de atingir o teto de R$ 822 estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em janeiro, mês em que os reservatórios costumam encher, as chuvas ficaram em 54% da média histórica. Foi a única vez, desde 2002, que o volume armazenado de água diminuiu no período, em vez de aumentar. Paralelamente, um novo recorde de demanda no sistema interligado foi alcançado na quarta-feira, com pico de 83.962 MW às 15h25. A combinação de pouca chuva e consumo elevado fez disparar o preço de liquidação das diferenças (PLD), que serve como referência no mercado de curto prazo. Ele é fixado semanalmente, às sextas-feiras, com base nos cálculos do ONS. Reflete basicamente o custo do megawatt-hora. Quanto mais térmicas precisam ser acionadas para garantir o abastecimento de energia, maior o valor do PLD.

O cenário descrito em reunião pelo diretor da ONS, Francisco José Arteiro, deixou o mercado apreensivo. “A sinalização é de que as chuvas devem ficar em apenas 55% da média histórica em fevereiro”, diz Walter Fróes, da CMU Energia.

Indústrias eletrointensivas que têm contratos de fornecimento de energia de longo prazo, em setores como alumínio e siderúrgico, já se preparam para reduzir algumas atividades produtivas e revender parte de sua eletricidade no mercado à vista. “Acaba sendo mais lucrativo”, diz uma fonte da indústria. As distribuidoras de energia, que têm cerca de 3.500 MW médios descontratados, previam ter uma despesa adicional de R$ 9 bilhões a R$ 13 bilhões em 2014. A conta agora pode subir para mais de R$ 15 bilhões. Sem socorro do Tesouro, as contas de luz poderão subir mais de 20% neste ano.

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