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Exportação de açúcar cresce 53% e bate recorde

Enquanto a maior parte das commodities exportadas pelo Brasil perdeu valor no primeiro semestre de 2009, as exportações de açúcar bateram recorde e responderam por 22% do superávit da balança comercial no período, que totalizou US$ 13,9 bilhões. A forte demanda internacional e o câmbio favorável fizeram com que as exportações saltassem de US$ 2,07 bilhões, nos primeiros seis meses de 2008, para US$ 3,18 bilhões, de janeiro a junho deste ano, um crescimento de 53% em valor, o maior entre as principais matérias-primas da pauta de exportações do País.

Juntos, açúcar e etanol responderam por 27% do superávit da balança comercial brasileira. No entanto, em volume, as vendas de etanol ao exterior recuaram 25% em relação ao primeiro semestre de 2008. Até junho deste ano, o País exportou 1,45 bilhão de litros de etanol, contra 1, 97 bilhão de litros em igual período do ano passado.

“O momento é excepcional para o açúcar e ! compensa a queda nas exportações de etanol. O mais importante é que, como o Brasil não faz importação de açúcar, na prática é superávit direto para a balança brasileira”, afirma Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Os principais destinos das exportações brasileiras de açúcar foram a Rússia (1,7 milhão de toneladas, o que representa 16% do total), Índia (1,6 milhão de toneladas, 15% do total), seguidos de Bangladesh (600 mil toneladas) e Emirados Árabes Unidos e Nigéria (ambos com 500 mil toneladas cada um).

O cenário favorável para o açúcar brasileiro é fruto da queda na produção global da commodity. A Índia, que na safra 2007/2008 havia produzido 27 milhões de toneladas de açúcar, reduziu drasticamente sua produção na safra seguinte, para 14,5 milhões de toneladas. A quantidade foi insuficiente para abastecer seu grande mercado interno, que consome em torno de 22,5 milhões de toneladas. “Rapidamente a Índia passou! de exportadora a importadora, e o único país com capacidade para suprir essa demanda é o Brasil”, diz Rodrigues. A expectativa para esta safra é produzir um excedente entre 4,5 milhões e 5 milhões de toneladas de açúcar para abastecer os mercados internacionais.

MUDANÇA DE RUMO

Como a indústria brasileira produz açúcar e etanol da mesma matéria-prima – a cana – as usinas conseguem adaptar a produção ao sabor do mercado, alterando a prioridade de um para outro produto. Nesta safra devem direcionar, em média, 42% da produção para o açúcar.

Entre os principais grupos do setor de açúcar e álcool, essa decisão foi tomada logo no início da atual safra 2009/2010. É o caso da Cosan, que decidiu direcionar 55% da produção para o açúcar. Este ano, a companhia vai moer 56 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 12 milhões a mais em relação à safra anterior. “Tomamos a decisão no primeiro dia de safra de usar o máximo de nossa capacidade instalada para produzir açúcar”! , diz Carlos Murilo Barros de Melo, diretor comercial da Cosan. A decisão da companhia, atualmente o maior grupo de açúcar e álcool do mundo, não podia ser mais acertada. “Os preços do açúcar estão em média 45% superiores aos do etanol. O panorama é muito positivo, pois ao contrário do primeiro semestre de 2008, o câmbio está em patamar favorável ao exportador”, diz o diretor.

Outro grande grupo de açúcar e álcool, a Usina São Martinho, que tem duas unidades produtivas em São Paulo e uma em Goiás, também deu prioridade ao açúcar nesta safra: o açúcar vai crescer 20% e deve representar em torno de 40% da produção. Este ano, a empresa vai moer 13 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 1 milhão a mais que na safra anterior.

“O açúcar deve manter um preço atraente no médio prazo. Dificilmente a Índia voltará aos níveis de produção registrados há três anos, o que significa que o déficit no mercado internacional continuará pelos próximos dois anos”, diz João do Val, diret! or de relações com investidores da Usina São Martinho. A expectativa é que ao longo de 2009 o preço do açúcar no mercado internacional se mantenha em torno de US$ 0,15 por libra-peso, uma valorização média de 20% em relação a 2008.

“O cenário para os próximos três anos é de que o preço do açúcar se mantenha em patamares bastante atrativos”, diz Narciso Bertholdi, gerente comercial do Grupo Usina São João, de Araras (SP), que também possui duas unidades em Goiás. Na atual safra, o grupo, que deve moer 8 milhões de toneladas, vai direcionar 60% da produção para o açúcar.

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