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Estado deve entrar no zoneamento da cana

A espera está chegando ao fim: após dois meses de expectativa em relação ao anúncio sobre a inclusão ou não do Rio Grande do Sul no zoneamento da cana-de-açúcar, o mistério deve chegar ao fim até meados deste mês. Especialistas afirmam que o Estado será contemplado como apto a receber todos os benefícios oriundos do zoneamento, como acesso a recursos do Pronaf e seguro agrícola. “O ministro Stephanes já assegurou para várias autoridades gaúchas que o Estado será incluído. O grande impasse se deve agora ao tamanho da área que será destinada para o plantio”, afirma o assistente-técnico do gabinete do deputado Heitor Schuch, Luis Alberto Bairros.

Para que o Estado possa alcançar a auto-suficiência em termos de produção de álcool, são necessários 500 mil hectares plantados de cana. Para garantir que esse volume seja efetivamente produzido e não concorra com outras culturas, será preciso que o zoneamento contemple áreas entre 850 mil a um milhão de hectares. “Precisamos dessa garantia, pois contamos com a possibilidade de os agricultores optarem por plantar cana e transformá-la em outros produtos”, diz Bairros.

Segundo ele, o documento já foi analisado pelos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente e agora encontra-se na Casa Civil, onde estão sendo definidas as políticas que acompanharão o zoneamento. A expectativa do setor é de que sejam liberadas opções de financiamento para custeio e também para investimento, para que os produtores possam, além de plantar cana, processá-la na propriedade, através de pequenas usinas de álcool. “Assim, o agricultor também poderá agregar valor ao seu produto, com sua própria indústria.”

Os investimentos para a implantação de uma usina de álcool no caso de um produtor que implantar 15 hectares de cana serão de R$ 100 mil, valor que, segundo Bairros, pode ser pago com uma safra e meia. O Rio Grande do Sul, que cultiva hoje 35 mil hectares de cana, destina 10 mil deles para a produção de etanol, que resulta em 7 milhões de litros do combustível. A intenção é de chegar, num prazo de dez anos, à produção de 600 milhões de litros de álcool, oriundos dos 500 mil hectares necessários para obter auto-suficiência. As regiões que devem ser indicadas como aptas para o plantio da gramínea são Alto Uruguai, Litoral Norte e Depressão Central.

Conforme a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura (Mapa), a entidade só voltará a divulgar informações sobre o zoneamento após o anúncio oficial feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, o ministério confirma que o anúncio deve ocorrer na terceira semana de novembro.

O assessor da Comissão de Política Agrícola da Fetag, André Raupp, disse que a expectativa entre os pequenos produtores é muito positiva, pois com a inclusão do Estado no zoneamento será possível melhorar as lavouras, além de ampliá-las. “Os canaviais gaúchos, além de aumentarem em termos de área, serão beneficiados em termos de qualidade.” O assessor da Fetag diz que é grande a expectativa sobre a liberação de recursos para o financiamento de projetos de usinas para processamento da cana. “Com o zoneamento, os riscos da cultura são diminuídos e a tendência é de facilitar o crédito, com as agências financeiras se posicionando de forma mais flexível.” Ele lembra que a cana-de-açúcar já tem história no Rio Grande do Sul e que faltava apenas o reconhecimento do governo federal de que “temos clima e solo favoráveis para o cultivo da gramínea.”

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