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Especialista defende fim à distorção dos mercados e das medidas comerciais restritivas

Jacques Diouf, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), é um dos defensores do livre comércio mundial agrícola. Segundo ele, é preciso chegar a um consenso nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) para colocar fim à distorção dos mercados e das medidas comerciais restritivas.

Diouf explica que os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) proporcionam à sua agricultura um apoio equivalente a quase US$ 365 bilhões por ano, e seus subsídios e proteção tarifária a favor dos biocombustíveis causam o desvio de 120 milhões de toneladas de cereais do consumo humano para o setor de transportes. Entre os países membros estão: Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Suécia, Suiça, entre outros.

Por último, o especialista aponta a especulação financeira exacerbada pelas medidas de liberalização dos mercados futuros de produtos agrícolas, em um contexto de crise econômica e financeira. “Essas condições tornaram instrumentos de arbitragem de risco em produtos financeiros especulativos que substituem outros investimentos menos rentáveis. É urgente introduzir novas medidas de transparência e de regulamentação para fazer frente à especulação nos mercados futuros de produtos agrícolas”, diz.

Ele também defende financiamentos para pequenas obras de controle de água, meios de armazenamento locais e estradas rurais, assim como portos de pesca e matadouros, para lutar contra as incertezas climáticas, marcadas por inundações e secas. “Só dessa forma será possível garantir a produção de alimentos e melhorar a produtividade e a competitividade dos pequenos agricultores, diminuindo os preços ao consumidor e aumentando a renda das populações rurais, que representam 70% dos pobres no mundo. A aplicação dessas políticas globais deve ser baseada no respeito dos compromissos assumidos pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento. A gestão de crises é importante, mas a prevenção é melhor. Sem decisões que permitam mudanças estruturais a longo prazo, acompanhadas de vontade política e dos recursos financeiros necessários para sua aplicação, a insegurança alimentar permanecerá”, enfatiza.

De acordo com ele, isso dará margem a instabilidade política em diversos países e poderá ameaçar a paz e a segurança mundial. “Se não forem seguidos por ações, os discursos e promessas das grandes reuniões internacionais apenas aumentarão a frustração e a revolta em um planeta cuja população vai aumentar dos atuais 6,9 bilhões de pessoas para 9,1 bilhões no ano de 2050”, finaliza.

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