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Dólar alto faz usinas perderem menos, diz Itaú

Em entrevista ao portal JornalCana em recente evento da BM&FBovespa em São Paulo, o economista-chefe do Itaú BBA, Ilan Goldfajn, faz análise do impacto da situação econômica do Brasil sobre o setor sucroenergético no curto e médio prazos.

O dólar fortalecido, diz ele, ajuda nas exportações de produtos sucroenergéticos. Mas não é o suficiente, diz ele.

O setor sucroenergético é favorecido pela subida do dólar. Exportar açúcar e etanol tem ajudado na performance comercial das usinas. Essa situação ajudou o Grupo São Martinho a encerrar o quadrimestre encerrado em março com lucro líquido de R$ 56,6 milhões, quase dez vezes acima do apurado no mesmo período da safra 2013/14.

Leia mais: São Martinho lucra quase dez vezes mais

Mas o vigor do dólar em si não basta para o setor sucroenergético. Assim como outros setores do agronegócio, o segmento de açúcar, etanol e bioeletricidade deslancharia com políticas públicas, fora investimentos privados que, por sua vez, dependem dessas próprias políticas.

Mas falta executar a reforma tributária. É essa que faz toda a diferença. Confira as opiniões de Ilan Goldfajn:

Momento difícil: “No Brasil, estamos no momento mais difícil. Ao mesmo tempo, temos uma inflação que aumenta, com preços administrados em alta. Então, há um certo desafio para a equipe econômica com queda de PIB e inflação em alta.”

PIB: “Para 2015, temos uma projeção de queda de 1,7% do PIB. Mas o PIB avançará em alta de 0,3% em 2016.”

Goldfajn, do Itaú: cenários para até 2018
Goldfajn, do Itaú: cenários para até 2018
Recessão: “O Brasil deve sair da recessão. Mas para os próximos anos recuperação não será em V. Recessão deve sair este anos, mas crescimento vai demorar.”
Custo de vida: “A inflação do ano será de 8,8% e, para 2016, será de 5,5%, em torno da meta.”
Ajuste: “Os ajustes do governo levam à recessão e dificultam o próprio ajuste, porque a queda da arrecadação piora porque não entra dinheiro nem nos governos federal, estadual e municipal.”
Cenários possíveis até 2018:
– “O PIB da China subirá de novo. Não neste ano, mas em 2016.”
– “No resto do mundo, preocupação é com deflação. Mas com o petróleo subindo, a inflação ficará parada, sem cair mais. Com commodities subindo, isso ajuda a inflação.”
– “O crescimento volta (nos EUA e na Europa) e deflação cai. Juros que estavam negativos, muito baixos, começam a voltar.”
– “O Brasil caiu mais [em crescimento econômico], em relação a outros países da América do Sul.”
– “A recessão [no Brasil] acaba no segundo semestre. O grande desafio será como fazer o crescimento superar 0,2% ao ano. Como retomar o emprego?”
– “O mercado financeiro, que já esteve pior, vive uma certa estabilidade.”
Opiniões sobre o Governo Dilma: 
– “Todo mundo acompanha o ajuste fiscal do Governo. Levy quer 1% de superávit primário, que será difícil chegar, mas as agências de risco vão dar o benefício da dúvida, e esperar o que ocorrerá em 2016.”
– “No fim do Governo Dilma, em 2018, o crescimento econômico não passará de 2% porque não se está fazendo, por exemplo, a reforma tributária – até porque não há movimento nesse sentido diante a recessão. Pode ser que tenhamos algo relacionado ao ICMS, mas é só. Por isso o crescimento não passará de 2% na retomada do país pós-recessão.”
– “Reajustes nos preços da gasolina no Brasil: 2,9% em 2014, 10,4% em 2015 e 6,0% em 2016. É um preço administrado.”
Câmbio e Selic:
– “Taxa de câmbio: não vejo ela voltando abaixo de R$ 3. Em dezembro, R$ 3,20. Em dez de 2016, R$ 3,50. Isso no cenário sem crise. Com crise, sem down, R$ 3,65.”
– “Selic: 14,25% em 2015 e 12% em 2016”
– “IPCA: 8,8% neste 2015 e 5,5% em 2016”
Agronegócio:
– “Agronegócio: da porteira para dentro, ganhou produtividade. E agora, com concessões da infra, pode trabalhar produtividade da porteira para fora.”
– “Há cenário otimista para fora, que é de melhora, mesmo com a Grécia. Isso ajudará os emergentes. No Brasil, momento não é bom (inflação alta e recessão), o que dificulta a confiança dos investidores. Há política fiscal que evitará o downbreak, mas cenário de Dilma é crescimento sem recessão, mas menor. Para frente, será preciso novas reformas, o que empresas já fazem, cortando custos. E isso terá de ser adotado também pelo setor público.”

 

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