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Disparada do açúcar estimula aportes em usinas no Centro-Sul

Estimulados pela forte alta do açúcar nas bolsas internacionais, que este ano já atingiu 89% na bolsa de Nova York, parte dos grupos sucroalcooleiros do Centro-Sul do país começa a investir em fábricas de açúcar em unidades exclusivas de etanol. Já as que produzem açúcar em suas unidades estão ampliando a capacidade de suas usinas para se beneficiar da valorização da commodity.

As consultas para esse tipo de investimento se intensificaram a partir de julho e uma parte delas já foi convertida em pedidos. Os aportes nessas fábricas variam entre R$ 40 milhões a R$ 60 milhões, dependendo do tamanho do projeto, segundo empresas consultadas pelo Valor.

Os aportes em fábricas de açúcar ainda são localizados, restritos ! a grupos menos alavancados e situação financeira não tão delicadas, como boa parte das usinas do setor, que está em crise.

Desde o segundo semestre deste ano, os preços da commodity dispararam, como reflexo do déficit global da produção, uma vez que a Índia, segundo maior produtor mundial, colherá menos cana. Produzir açúcar está mais vantajoso que o álcool. A commodity remunera 99% mais que o hidratado e 81% mais que o anidro, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Os aportes em novas usinas de álcool praticamente travaram desde setembro do ano passado, auge da crise global, e muitas empresas se complicaram financeiramente por conta destes investimentos.

A forte valorização do açúcar no mercado internacional tem garantido liquidez para muitos grupos, sobretudo os exportadores, uma vez que o álcool, apesar da boa demanda doméstica, está com os preços abaixo dos custos de produção.

Com perfil açucareiro, a Açúcar G! uarani, controlada pelo grupo francês Tereos, decidiu antecipar em um ano os investimentos programados para a unidade paulista de Tanabi, informou Jacyr Costa, presidente da companhia. A unidade estava programada parar receber os aportes a partir de 2010.

Também de olho na maior remuneração da commodity, a Bunge deverá antecipar seus investimentos em uma fábrica de açúcar em sua unidade de Pedro Afonso (TO), com início das operações previstas para 2010. A empresa também está ampliando a capacidade de produção de açúcar na unidade de Santa Juliana, no Triângulo Mineiro, afirmou Helgo Ackermann, diretor da Iprosucar, empresa que faz consultorias em projetos “greenfield” (construção a partir do zero), entre eles para a Bunge. Procurada, a Bunge não retornou as ligações.

A AdecoAgro, que tem entre seus acionistas o megainvestidor George Soros, deverá começar a produzir açúcar a partir de 2010 na unidade de Angélica, em Ivinhema (MS), que era voltada para etanol. A usina en! trou em operação no ano passado, explicou Leonardo Berridi, diretor do grupo.

Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), boa parte dos investimentos, neste momento, deverá se concentrar na ampliação da capacidade de produção de açúcar das usinas já instaladas. Rodrigues acredita que projetos de construção de fábricas novas deverão ocorrer quando o setor tiver mais capitalizado.

O grupo Cosan, com 23 unidades produtoras, decidiu ampliar a capacidade de produção de açúcar de três unidades paulistas, afirmou Pedro Mizutani, vice-presidente geral do grupo. Segundo ele, estes investimentos deverão elevar em 10% a produção dessas usinas.

Para Josias Messias, presidente do Procana – Centro de Informações sucroalcooleiras -, estes recentes investimentos deverão elevar em 1 milhão de toneladas de açúcar a capacidade de produção do setor. Nesta safra 2009/10, a produção está estimada em 35 milhões de toneladas.

Mesmo sem a grandeza dos bilhões que movimentaram o setor durante o boom do etanol, esses investimentos voltaram a animar as indústrias de base e de equipamentos. A Dedini, de Piracicaba (SP), recebeu pedidos de consultas em fábricas de açúcar para serem instalados em destilarias construídas recentemente, sobretudo na região Centro-Oeste do país, afirmou Sérgio Barreira, diretor da companhia. “Um projeto deste porte demora cerca de 8 meses para ficar pronto.”

No polo industrial de Sertãozinho (SP), as empresas locais também foram consultadas, como a Brumazi, que também realiza projetos para elevar a capacidade de produção de unidades instaladas, segundo Paulo Lança, diretor de marketing do grupo. João Rossigalli, diretor-comercial da Sermasa, também de Sertãozinho, afirmou que investimentos na ampliação da produção de uma unidade existente são mais rápidos. De acordo com ele, grupos que tinham adiado seus projetos por conta da crise começaram a pedir para atualizar os projetos.

A Procknor, empresa de engenharia que também atua na área de metalurgia e siderurgia, voltou a sentir otimismo no setor sucroalcooleiro, segundo Celso Procknor, diretor do grupo. A empresa está tocando os projetos da Cosan e AdecoAgro.

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