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Derivado da cana substitui óleo combustível

Quanto mais a ciência conhece a cana-de-açúcar, maiores são as possibilidades dela gerar novos produtos. O bagaço da cana, por exemplo, pode contribuir, significativamente, para a diversificação do cardápio de fontes de energia limpa e renovável. Pesquisas do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico da Universidade Estadual de Campinas – Nipe/Unicamp, revelam que essa biomassa, depois de passar por um processo chamado de pirólise rápida, se transforma no bio-óleo, um substituto do óleo combustível e do diesel. A pirólise é a queima (degradação térmica) de resíduos agrícolas — como o bagaço de cana, a casca de arroz, o capim, a casca de café e a serragem —, que são submetidos a uma temperatura de 500 graus centrígados dentro de um reator.

Para a produção do bio óleo, o Nipe utiliza uma unidade piloto instalada no Centro de Tecnologia da Copersucar, em Piracicaba (SP). O projeto, iniciado em 1998, obteve recursos da Finep e da Fapesp. Os investimentos já atingiram R$ 50 mil. “Dominamos a tecnologia do bio óleo. Queremos, agora, parceiros para a sua produção industrial”, convida o engenheiro químico José Dilcio Rocha, pesquisador do Nipe e um dos responsáveis pelo projeto, que conta com a participação de doutorandos da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). Para facilitar o andamento do projeto, Dilcio e os pesquisadores do Núcleo, Edgardo Olivares Gómez e Juan Mesa Pérez, fundaram a empresa incubadora Bioware – Sistema de Termoconversão de Biomassa (e-mail: bioware@ct.unicamp.br). “Com recursos, é possível iniciar a produção do bio-óleo em escala industrial, dentro de dois anos”, afirma.

Segundo ele, o uso do bagaço de cana é uma ótima alternativa para a obtenção do bio-óleo, porque está entre os principais materiais renováveis encontrados no Brasil. “Esse produto é um excelente substituto do fenol, que custa 750 dólares a tonelada. Apresenta vantagens ambientais e de custo”, esclarece Dilcio. O uso de derivados de petróleo aumenta a concentração de poluentes no ar. Além de ser um combustível limpo, de origem vegetal, o bio óleo gera subprodutos como gases combustíveis e carvão fino. “O gás pode ser reaproveitado no processo de produção do bio óleo”, observa Dilcio. O bio óleo tem aplicações, também, na indústria alimentícia, podendo ser utilizado como sabor de defumado. Alguns dos seus compostos podem ser usados na química fina, chegando a alcançar até 100 dólares o quilo. Ele pode ser empregado na construção civil, como aditivo no concreto, tornando as construções mais leves.

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