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Dedini demite mais 100 e fecha unidade em Sertãozinho

A Dedini demitiu nesta sexta-feira, 2, os 100 funcionários que ainda trabalhavam na unidade de Sertãozinho (SP) da companhia e fechou as portas da fábrica que chegou a ter 3 mil metalúrgicos.

A indústria de bens de capital está em recuperação judicial e, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do município do interior paulista, nenhuma justificativa foi dada para o encerramento das atividades e sequer houve formalização das demissões.

A empresa, que tem sede em Piracicaba (SP), já foi a maior empresa de base do País para a produção completa de usinas de açúcar e etanol. Nenhum representante da Dedini foi localizado na noite de hoje. “Os responsáveis pela Dedini simplesmente chegaram e mandaram todos os funcionários embora, afirmando que a empresa estava fechando suas portas.

Isso sem dar nenhuma satisfação, e muito menos respeitar a assembleia marcada pela justiça para o próximo dia 19 com os credores da recuperação judicial”, informou Samuel Marqueti, presidente do sindicato, que irá recorrer ao Ministério Público e ao Ministério do Trabalho.

Marqueti informou ainda que uma assembleia será realizada na próxima sexta-feira, dia 9 de setembro, às 9 horas, em frente à unidade da Dedini. Antes, durante a próxima semana, haverá reuniões com os funcionários demitidos, segundo o sindicalista.

Dedini já havia demitido 200 trabalhadores em Piracicaba e Sertãozinho (SP)

A Dedini Indústrias de Base, tradicional fabricante de equipamentos para usinas de cana-de-açúcar, demitiu 200 funcionários ontem nas unidades de Piracicaba e Sertãozinho, ambas no interior de São Paulo. Foram 100 dispensas em cada uma das fábricas, abrangendo todos os setores. Em entrevista ao Broadcast Agro, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba, Carlos Roberto dos Santos, disse que as demissões estão relacionadas ao plano de recuperação judicial da companhia, aprovado em agosto.

O representante informou que os demitidos não receberam indenizações nem os respectivos direitos, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O sindicato já está se organizando para uma assembleia, afirmou.

As demissões de agora se somam às mais de 600 ocorridas naquele mês e são um novo capítulo para a crise da empresa, que tem passivo de mais de R$ 300 milhões entre bancos, trabalhadores, fornecedores e fisco. Santos disse que “tem mais demissões no ano que vem”, mas não estimou um número. Especula-se, contudo, que outros 400 funcionários possam ser dispensados na unidade de Piracicaba, que já viu o quadro de trabalhadores se reduzir de quase 2.000 para aproximadamente 1.100.

A situação financeira da empresa vem se deteriorando desde o fim de 2008, com a crise financeira mundial, que coincidiu com a crise do setor sucroenergético no País. A empresa estava em seu auge naquele ano e chegou a faturar R$ 2,1 bilhões, montante que caiu para R$ 380 milhões no ano passado.

Em agosto de 2015 Dedini pede recuperação judicial

O advogado Júlio Mandel, do escritório Mandel Advocacia, está à frente do processo e diz que a opção pela recuperação judicial foi feita para evitar que um pedido de falência de um fornecedor prospere. No processo de recuperação, Mandel pediu urgência na análise da Justiça para tentar evitar que a companhia quebre. Com a recuperação, a empresa terá um prazo de 180 dias para negociar com credores, sem que qualquer cobrança possa ser feita.

Os dados de 2014 do balanço da companhia e suas empresas controladas mostram que a situação é preocupante. Seu passivo de curto prazo somava ao fim do ano passado R$ 1,25 bilhão, enquanto o que tinha a receber era inferior a R$ 200 milhões. O prejuízo registrado foi de R$ 241 milhões, se acumulando ao longo dos últimos anos em cerca de R$ 780 milhões.

A situação financeira da empresa vem se deteriorando desde o fim de 2008, com a crise financeira mundial, que coincidiu com a crise do setor sucroalcooleiro no País. A empresa estava em seu auge naquele ano e chegou a faturar R$ 2,1 bilhões.

De lá para cá, a queda nas vendas foi sistemática. Entre 2008 e 2010, a inadimplência de clientes chegou a R$ 270 milhões e foram cancelados contratos de R$ 562 milhões. O resultado é que, no ano passado, o faturamento caiu 80% e chegou a R$ 380 milhões.

No primeiro semestre de 2015, segundo informa o processo, o volume de vendas caiu ainda mais. A empresa declara no documento ter registrado “uma queda forte”.

Capacidade ociosa. Com a crise no setor de etanol, a companhia enfrenta ainda alta ociosidade em sua capacidade de produção. Suas fábricas espalhadas por Piracicaba, Sertãozinho, Maceió e Recife têm capacidade de produzir equipamentos para montar 12 usinas de açúcar e álcool por ano. Mas hoje ainda enfrenta a inadimplência de clientes que é de R$ 89 milhões. O custo tributário também pesa e a empresa diz precisar de um parcelamento para colocar as contas em ordem. Os bancos se fecharam para a companhia que, há alguns anos, sofre com a falta de seu principal financiador, o BVA – liquidado pelo Banco Central.

Além disso, já há alguns meses a relação com os funcionários se deteriorou. Greves e paralisações têm sido comuns por causa de atrasos nos pagamentos dos salários e depósitos do FGTS e ainda pelas demissões que a empresa vem realizando. A Dedini explica que “vem fazendo uma triste, mas necessária, redução de seu quadro de colaboradores. Outras reduções de custo já vêm sendo planejadas e adotadas”, diz a empresa no processo judicial.

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