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Crise pode adiar projetos mas setor deve ser pouco afetado

O setor sucroalcooleiro não deve ser muito afetado com a crise financeira internacional. Pelo menos essa é a opinião de Carlos Eduardo de Freitas Vian, professor do curso de Economia da Esalq/USP, que há anos pesquisa o setor. Num primeiro momento, as empresas financeiras serão mais atingidas, inclusive fundos de investimento que têm investido ou pretendiam investir no segmento. “Pode ser que alguns projetos sejam adiados, mas os que estão em andamento não devem ser afetados”, avalia. No entanto, com o pacote de emergência destinado a socorrer as instituições financeiras em apuros, anunciado pelo governo dos Estados Unidos, é bem possível que a crise tenha uma duração menor e seja menos intensa do que se espera. Essas medidas, na opinião do consultor Samuel Levy, são a única maneira de devolver confiança ao mercado internacional. Porém, para as empresas que tiverem necessidade de crédito a custo razoável no curto prazo, ele adverte que o dinheiro ficará mais escasso e portanto mais caro. “Novos projetos demandarão mais tempo para serem implementados, haverá uma cautela maior do investidor estrangeiro para investir no Brasil, inclusive no setor de açúcar e álcool, que vinha recebendo uma boa dose de recursos de grupos multinacionais”, analisa. Mas, apesar da crise, o consultor percebe que o açúcar, por exemplo, está reagindo melhor que outras commodities, apontando uma tendência de alta no mercado internacional. Isso se deve a fatores adversos que causaram redução na

produção de açúcar de outros países: a Alemanha deverá sofrer uma queda de 8%

na produção desse ano; o furacão Ike causou muitos estragos nos canaviais do Sul dos Estados Unidos o que ocasionará uma quebra na safra; a Índia, segundo maior produtor mundial, também deverá reduzir sua produção em relação à safra anterior. “Esses dados abrem boas perspectivas de preço para o açúcar nacional, uma vez que equilibram melhor a relação entre a oferta e a demanda do produto no mercado externo”, explica Levy.

Segundo Freitas Vian, o setor pode enfrentar alguns problemas em relação às exportações de açúcar, uma vez que quase 50% da produção brasileira é destinada ao mercado externo. “O Brasil exporta para muitos países que podem ser bastante afetados caso a crise se agrave e se prolongue. Pode ser que eles tenham que reduzir as importações, inclusive de açúcar”, afirma. No entanto, o professor acredita que a intensidade da crise

depende de quanto ela passar para o lado “real” da economia.

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