Gestão Administrativa

Como lidar com o desânimo profissional

Como lidar com o desânimo profissional

Uma pesquisa recente conduzida pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Confederação Nacional dos Dirigentes dos Lojistas (CNDL) mostra os impactos do desemprego na população brasileira, trazendo índices preocupantes sobre o estado emocional e a saúde das pessoas: depressão e desânimo atingem 59% dos desempregados. Estamos falando aqui de estados, como estresse, nervosismo, medo, baixa autoestima, perda de amor próprio, vergonha, culpa, entre outros. Isso é muito triste, e preocupante.

Dentro das empresas, mesmo para quem está empregado, a situação não é diferente. Apesar de ainda existir o fator da segurança momentânea, ou a esperança, mesmo que tênue, de que o susto já passou ou está passando, muita coisa ficou e está complicada. Não é só o fantasma da perda do emprego que permeia hoje o clima organizacional. Mesmo quem não teve uma perda real, e aqui eu incluo a perda de emprego, a retomada, pós-demissão, em cargos mais baixos do que sua função anterior, ou o conviver com a situação de empresas que não estão pagando em dia salários e outras verbas, a ansiedade se encontra em outros aspectos também.

Para quem está nas empresas, no status de terem sido salvos nesse processo, sentimentos como ansiedade, medo, cansaço, estresse, depressão e outros também permeiam a sua estada na organização. Isso sempre existiu, é claro, mas o contexto atual, por si só, potencializou muita coisa que poderia estar “no ar” ou em algumas ações e atitudes subliminares, tudo isso muito comum num ambiente empresarial, regado por pressões, cobranças, permissividades, frustrações, corporativismos, etc. Mas agora tudo fica mais aflorado: e isso só tem piorado a possibilidade de amadurecimento das relações, dos contratos lícitos e necessários, do engajamento buscado, dos resultados esperados.

Atentemo-nos para a seguinte situação: as empresas, o mundo organizacional e o mercado de trabalho que as sustenta, passaram por uma fase importante e próspera há uns anos atrás, onde muita oportunidade, espaço e mudança foram criados e as pessoas colocadas num pedestal, como o bem mais importante do negócio. O discurso ganhou força, todos nós nos remodelamos para ele: empresas, profissionais de RH, consultores, líderes, e os próprios profissionais de mercado. Criamos uma condição diferente. Muita gente teve boas oportunidades, cresceu, evoluiu, buscou novas fronteiras, investiu na sua carreira; as empresas também fizeram sua parte. E depois, tivemos que conviver com um cenário muito diferente desse. Tiraram das pessoas esse poder, esse valor, essa esperança.

E o cenário atual: quadros mais enxutos; pessoas fazendo o trabalho de duas ou três que saíram; cobranças maiores por resultados; oportunidades e ajustes salariais congelados; promoções e contratações canceladas; diálogos adiados; avaliações evitadas; vagas ofertadas com valores mais baixos; entre muitos outros.

No meio de tudo isso, precisamos estar de pé: mercado, empresas, dirigentes, líderes, profissionais, áreas de RH, apoiadores, pois é preciso manter vivo aquilo que conquistamos. Eu creio que o valor das pessoas nas empresas e no mercado não se perca nesse movimento, o que perdemos foi um gap de tempo que teremos que investir e apostar muito para reconquistar as melhorias e evoluções que já faziam parte das mudanças nas últimas duas décadas, pelo menos.

Com isso, e fechando esse assunto, pesquisas também têm sinalizado que mesmo os profissionais da geração Y, também chamados de millennials, vistos normalmente como mais ousados para enfrentar o mercado e dirigir suas escolhas pessoais e profissionais, se encontram inseguros e mais propensos a adiar as saídas que tinham programado, os desafios a que tinham se impostos. As preocupações são as mesmas das gerações anteriores que estão empregadas.

Mas, como não posso deixar minha essência otimista para trás, vejo também a oportunidade, nesse caos, de resgate de muita coisa boa. Tenho sentido as empresas e pessoas, mesmo que com seus estados de ânimo comprometidos, empenhados em fazer o seu melhor, com os recursos atuais e novas formas de enxergar as mesmas coisas que sempre estiveram por aí. Isso é evolução!

Pela retomada da dignidade, da esperança, do propósito e da dedicação maior ao nosso maior tesouro: as pessoas!

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