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Commodities agrícolas seguem sob pressão

Depois de mais um mês de saldo negativo para os preços praticados em Nova York, o açúcar estacionou no menor patamar de negociações desde abril de 2009 e reforçou sua condição de commodity agrícola com peso importante na balança comercial brasileira que mais perdeu valor nas principais bolsas americanas nos últimos cinco anos.

-Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) mostram que a queda em relação a janeiro, a quarta seguida, foi de 5,44%. Em relação a fevereiro de 2014, o valor é 12,87% menor, e na comparação com fevereiro de 2010, chega a 43,9%.

A pressão, ampliada pela valorização do dólar, deverá perdurar nos próximos meses, já que é confortável a relação entre oferta e demanda no mercado global. Ainda que as estimativas disponíveis apontem para uma produção global menor que o consumo na safra 2015/16, que terá início em abril, há gordos estoques acumulados após quatro temporadas consecutivas de superávits.

Como os fundamentos sinalizam que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que o açúcar se recuperar de forma expressiva em Nova York, os movimentos dos fundos especulativos que atuam nesse mercado têm ajudado a reforçar a tendência descendente.

Conforme relatório divulgado na sexta-feira pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), os gestores de recursos (“managed money”) encerraram a semana de 24 de fevereiro com uma posição líquida vendida – que indica a aposta na queda das cotações – de 37.095 contratos (entre futuros e opções) de açúcar demerara na bolsa de Nova York, bem acima do saldo de 6.220 contratos vendidos da semana anterior.

Também no caso do café, a percepção dos especuladores é que o cenário climático desta safra nas regiões produtoras do Brasil (maior fornecedor mundial do grão) está menos rigoroso que o da anterior. Com isso, as apostas na valorização do arábica perderam ímpeto em Nova York e o saldo líquido de compra caiu 49% na semana até o dia 24, para 8.167 contratos.

Nesse contexto, e também sob influência da valorização do dólar – essa pressão paira sobre todas as commodities negociadas nas bolsas americanas -, a cotação média dos papéis de segunda posição encerraram fevereiro em queda de 7,99% sobre janeiro, e em relação a fevereiro do ano passado a valorização foi reduzida para 1,59%.

O suco de laranja também registrou forte queda sobre janeiro em Nova York (7,19%), ainda sob o peso da demanda em queda nos EUA. E, sem muitas novidades do lado dos fundamentos, os investidores reforçaram a expectativa de retração.

De acordo com a CFTC, a posição líquida de venda da commodity passou a 2.921 contratos, bem acima do saldo de 790 contratos vendidos na semana até o dia 17. Também vale observar que, de modo geral, as regiões produtoras da fruta em São Paulo e na Flórida, que abrigam os dois maiores parques citrícolas do mundo, apresentam condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento dos pomares.

Já com o cacau, que subiu 1,01% em fevereiro na comparação com o mês anterior no mercado nova-iorquino, a frustração com a expressiva queda do processamento no último trimestre de 2014 deu lugar às preocupações com a colheita no oeste da África, que lidera a produção global da amêndoa.

Segundo o CFTC, o saldo líquido comprado na bolsa avançou 13,6%, para 47.005 contratos. Produtores africanos já preveem que o clima adverso na região, marcado pelo tempo seco e os ventos vindos do deserto do Saara, reduzirá a produtividade da safra intermediária, colhida no primeiro semestre.

O algodão, que encerrou janeiro na mira das apostas pessimistas, protagonizou uma reviravolta, subiu 5,59% em fevereiro em Nova York e fechou a semana do dia 24 com um saldo líquido de compra de 46.887 contratos, 40,6% mais que na semana anterior. Os baixos preços turbinaram a demanda pelo produto dos Estados Unidos, que são os maiores exportadores mundiais.

No mercado de grãos de Chicago, o Brasil, que já estava no foco por estar no pico da colheita de soja, atraiu ainda mais atenções com a paralisação dos caminhoneiros. Não foi o suficiente para evitar uma queda de 0,91% do preço médio mensal, mas mudou sobremaneira o humor dos especuladores.

Os investidores, que encerraram a semana até o dia 17 de fevereiro com um saldo líquido de 15.659 contratos vendidos na bolsa de Chicago, passaram a acreditar em um repique de preços, o que levou a uma posição líquida de compra de 284 contratos na semana encerrada no dia 24, conforme a CFTC.

No caso do milho, a volta dos produtores americanos ao mercado, após um período de reclusão, contribuiu para reduzir a esperança dos fundos com a alta da commodity, cuja cotação média caiu 1,12% em fevereiro em relação a janeiro.

O saldo líquido de compra recuou 22% na semana até o dia 24, para 80.191 contratos comprados em Chicago. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) elevou sua projeção para a área plantada com o grão no ciclo 2015/16 naquele país, mas estimou que os estoques ao fim da próxima safra serão menores que os da atual. Mas os volumes ainda são bastante elevados historicamente.

Quanto ao trigo, a baixa competitividade do cereal americano no mercado internacional, reflexo da disparada do dólar, tem pesado sobre os preços em Chicago. A média de fevereiro foi 5,69% menor que a de janeiro, conforme o Valor Data.

Muitos compradores têm optado pela aquisição de trigo de países do centro e do leste da Europa. Conforme a CFTC, a posição líquida de venda do trigo brando cresceu 22,8%, para 32.238 contratos vendidos na semana encerrada no dia 24. Com o trigo duro, houve queda de 43% no saldo líquido comprado, para 5.912 contratos.

(Fonte: Valor Econômico)

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