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Cenário permite otimismo

Após anos seguidos de crise econômica proporcionada por desmandos promovidos pelo Governo federal, o setor sucroenergético volta a sinalizar projeções positivas.

O desempenho considerado remunerador do etanol atestou, para a maioria das unidades, que a aposta no biocombustível durante a safra 2018/19 foi correta. Entre idas e vindas, afetados em parte pela desvalorização do real, os valores do etanol ajudaram a reduzir um pouco das perdas financeiras. Para a safra 2019/20, o cenário de produção exigirá planejamento com bola de cristal dos gestores das unidades. A temporada certamente terá mesmo volume de cana-de-açúcar à disposição e, em que pesem as recentes chuvas, não é possível prever produtividade superior à temporada 18/19, boa parte devido ao envelhecimento dos canaviais.

Caso a economia brasileira siga crescente, mesmo que em tímidas doses, o etanol tende também a ser consumido em ritmo acelerado como em 2018. Sendo assim, o mix alcooleiro tende a ser aplicado em boa parte das unidades.

Mas o açúcar também projeta certo otimismo por conta de previsões de déficit mundial do produto, aliadas às dúvidas sobre avanços de produção na Índia e na Tailândia, dois grandes produtores. Fora o cenário de mercado, há também indicações de que empresas do setor voltam a atrair a atenção de investidores. Neste dezembro está previsto o leilão das unidades Revati, no interior paulista, e da Vale do Ivaí, no Paraná, ambas controladas pela Renuka.

Até a primeira quinzena de novembro, as unidades já tinham pelo menos dois interessados: o fundo de investidores Castlelake, dos EUA, quer a Revati, enquanto o fabricante de equipamentos agrícolas Teston avalia a possibilidade de adquirir a Vale do Ivaí. Se os negócios serão ou não efetivados, teremos de esperar pelo leilão. Mas é fato o interesse pelas unidades.

A Biosev, controlada pela Louis Dreyfus Company, não teve problemas em vender, no segundo semestre, duas de suas unidades.

No começo de novembro, a empresa anunciou a venda da unidade Giasa, localizada na Paraíba, por R$ 70 milhões para o Grupo olho D’Água. Em agosto, a Biosev já tinha vendido a unidade Estivas, localizada no Rio Grande do Norte, por R$ 203 milhões para a Pipa Agroindustrial Ltda.

Fora o mercado de compra e venda, o setor também vê consolidados investimentos como o da FS Bioenergia.

Controladora de unidade produtora de etanol de milho em Lucas do Rio Verde (MT), a empresa pretende dobrar a capacidade da planta ainda em 2019. Durante o evento de 30 anos do MasterCana Award e Brasil, em 29 de outubro em São Paulo, o chairman da FS, Henrique Ubrig, reforçou o lançamento da segunda planta de etanol de milho da empresa em Sorriso, também no Mato Grosso.

Prevista para entrar em funcionamento até 2020, a planta poderá produzir até 530 milhões de litros por ano.

Também no segmento de etanol de milho, a Cerradinho Bio investe na implantação de planta específica para produzir biocombustível do cereal junto à unidade em Chapadão do Céu, em Goiás.

A movimentação de investidores tende a aumentar com a esperada implantação da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio.

Criado para reduzir as emissões de gases poluentes nos transportes, o RenovaBio incentiva o uso de biocombustíveis como o etanol, que são bem menos agressivos ao meio ambiente em relação aos combustíveis fósseis. E, assim, está previsto crescimento gradativo de produção pelas unidades sucroenergéticas.

O programa, entretanto, tem já esperada tramitação lenta por conta da troca dos congressistas e de agentes públicos do governo de Jair Bolsonaro.

Mas as expectativas sobre o êxito de implantação estão no foco de lideranças do setor que, desde dezembro de 2016, acompanham cada passo do então projeto do RenovaBio que se tornou lei um ano depois. O cenário promete certo otimismo para o setor. Para quem chega a quase uma década de desmandos como o congelamento dos preços da gasolina, a retomada de negócios é aguardada como um sopro de alívio.

Edição 299 – JornalCana – Dezembro 2018

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