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CCT – Corte, Carregamento e Transporte de Cana

Em usinas do ramo sucroalcooleiro o custo com o CCT (Corte, Carregamento e Transporte de Cana) representa aproximadamente 25 % do custo da tonelada de cana ou 10% de cada saca de açúcar, que é significativo dentro do contexto.

Só a determinação do valor global não permite diagnosticar as causas do custo e muito menos verificar quais as providências a serem tomadas para reduzi-lo, uma vez que existem muitos fatores que influenciam diretamente nestas variações, tais como:

– Características da região: o relevo, comprimento do talhão, várias fazendas juntas ou muito distante uma das outras, raio médio da lavoura a empresa, entre outros;

– Características da unidade: tipos de variedades de cana, espaçamento, cana crua ou queimada, rendimento da produção (toneladas de cana por hectare), sistema com transbordo ou não, números de turnos de trabalho e outros;

– Características da frota: idade média, marcas dos equipamentos, quantidade de equipamentos por frente, frota de apoio, qualidade da mão-de-obra, etc;

– Características do Gerenciamento: se há um bom controle de manutenção, da área operacional e de custos, entre outros.

É necessário analisar o processo em seus detalhes, dividindo-o em etapas e parcelas, determinando para cada uma o custo, sua composição e a eficiência dos equipamentos utilizados.

A execução de um estudo deste nível requer uma grande carga de trabalho devido a muitas variáveis e dificuldades de obter essas informações. Há necessidade de analisar cada sistema globalmente, onde cada equipamento interage com os demais possuindo características específicas ao seu desempenho no sistema.

Metodologia para elaboração do Custo do Corte, Carregamento e Transporte

Fonte de dados:

Os dados foram obtidos de seis usinas que possuem o SISMA, do módulo de Custos e Orçamentos, sendo o custo do mês consolidado para os últimos 12 meses.

Formação do custo por Km ou H e custo por toneladas

Parcelas envolvidas:

a) Capital (Depreciação do Equipamento – Recuperação de Capital com Retorno);

b) Taxa (Gastos com Taxas – Informado através do Controle de Licenciamento);

c) Salário de Motorista e Operadores (Folha de Pagamento + Projeção de Encargos + Administração). Forma de cálculo: Quantidade de turnos de trabalho para cada equipamento;

d) Rateio de Salário da Administração;

e) Combustível (Valor Médio do Mês;

f) Lubrificante (Valor Médio do Mês;

g) Mão-de-Obra Própria + Rateio (Folha de Pagamento + Projeção / Horas Trabalhadas dos Mecânicos);

h) Peças Próprias (Integração SISMA e ERPs);

i) Serviços de Terceiros (Peças + M. O.) (Integração SISMA e ERPs);

j) Pneus (Integração SISMA e EPRs).

Nessas parcelas estão incorporados os gastos com o apoio operacional, implementos agrícolas e rodoviários.

Procedimentos:

Cálculo do custo por Km ou H – É a soma das parcelas citadas acima dividido pelo período trabalhado do equipamento.

Cálculo do custo por produção (Ton.) – É o custo por Km ou Hora de cada equipamento dividido pela produção do mesmo.

Exemplo:

1) Gasto Consolidado do Equipamento (R$)

2) Período Trabalhado (Km ou H)

3) Produção (Ton)

4) (1) / (2) = Custo por período de trabalho (R$/Km ou R$/H)

5) (1) / (3) = Custo por Tonelada

6) (5) / (2) = Custo Especifico (R$/Ton/Km ou R$/Ton/H)

A produção de cada equipamento é obtida através da entrada de cana na balança com integração do SISMA.

O custo, neste trabalho, é composto pelas seguintes etapas: Corte (Colhedora de Cana), o Carregamento (Aceiro, Transbordo e/ou Carregadoras de Cana) e o Transporte (Caminhões Canavieiros e Reboques Julietas).

Hoje os usuários do sistema SISMA administram com maior confiabilidade os gastos relacionados ao corte mecanizado, carregamento e transporte, onde é determinado o custo do CCT. Com este recurso nas mãos pode-se gerenciar as despesas e avaliar as opções de mercado, dentro de cada parcela.

Para ilustrarmos o trabalho pegamos os dados de seis ( 06 ) unidades produtoras no referente uma safra.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS USINAS

CARACTERÍSTICAS USINA

C D F

Moagem Total (Ton) 1.550.889 1.843.137 1.500.000

% Colheita Mecanizada 43 34 20

% Colh. Mecaniz. Crua 90 100

Raio Médio (Km) 30 29,5 22

Produtividade (Ton/Ha) 95,6 71,3

Rend.Oper.(Ton/Dia/Maq.) 583,3 450

Nº de Frentes 2 1

Nº de Turnos 3 2

Anos de Corte Mecanizado 6 3

FROTA ENVOLVIDA

USINA

CLASSE OPERACIONAL A C D E F

Quant. Idade Quant. Idade Quant. Idade Quant. Idade Quant. Idade

Colhedora de Cana 4 1,9 7 2,3 6 4.6 39 3,8 3 3

Caminhão Treminhão 17 7,0 46 4 13 4,9 13 5.2

Caminhão Rodotrem 14 2,3 47 4,2 8 3.3

Reboque 36 115 361 64

Semi-reboque 46 43 38

Dolly 39 40

Trator Reboque 6 2,7 13 n i 23

Carregadora Cana 17 5,1 14 9,9 11 2.3 33 6,8 30 8.17

Transbordo 16 1,0 26 18 42 10 3

n i = não informado

Além da frota acima o sistema contempla também os equipamentos de apoio, tais como: Bombeiro, Comboio, Assistência Técnica, Veículos de Supervisão e outros.

Com os dados destas Usinas obtivemos os seguintes resultados:

Composição dos Custos com CCT em R$/ton., – Corte Mecânico *

Empresa Corte Mecânico

Carregamento Transporte Total

A 2,21 1,44 3,10 6,75

B 3,02 1,86 2,96 7,84

C 2,82 1,32 2,19 6,33

D 1,73 0,98 2,73 5,44

E 2,94 1,84 2,02 6,80

F 2,64 1,70 2,37 6,71

Média 2,56 1,52 2,56 6,64

Participação % 38,53 22,92 38,55

* A metodologia utilizada para determinar os custos são iguais para todas as empresas.

Composição dos Custos

Podemos observar, na tabela e no gráfico, diversos valores de custos totais e parciais entre as empresas, existindo variações de até 20 % no valor do custo total. Nos custos parciais ocorrem variações bem mais significativas.

Composição dos Custos (% Média) Corte Mecanizado

A título de ilustração das informações que podem ser geradas pelo SISMA destacamos:

Motivos de horas paradas

Motivo de Parada Horas % Relação ao Total de Horas

Paradas Paradas Apontadas Disponível

Manutenção Oficina 16.999,48 30,53 17,59 13,30

Manutenção Campo 8.160,95 14,66 8,44 6,38

Descanso Normal 6.535,09 11,74 6,76 5,11

Outros Motivos 4.830,22 8,67 4,99 3,78

Chuva 4.409,26 7,92 4,56 3,45

Falta de peças 3.174,80 5,70 3,28 2,48

Aguardando Program. 3.004,75 5,40 3,11 2,35

F./Caminhão/Julieta 2.166,01 3,89 2,24 1,69

Abastecimento 1.609,57 2,89 1,67 1,26

Manutenção Industria 1.563,92 2,81 1,62 1,22

Aguardando Mecânico 1.097,43 1,97 1,14 0,86

Peça Manut. Externa 1.070,03 1,92 1,11 0,84

Verificação Inicial 1.055,41 1,90 1,09 0,83

Total 55.677,92 100,00 57,60 43,55

Principais motivos de parada de uma Usina, em dois anos de estudo,

Custo detalhado de três modelos de colhedoras de cana:

Marca e Modelo Período de Produção Gastos em Reais/ Hora *

Trabalho (H) Cana (Ton.) Capital Taxas Salário Sal. Rat. Combust. Lubrif. Peças Rat. Peça M. 0. Pneus Terceiro Total

Brastoft A 7700 2.449,83 90.755.59 19,32 0,00 8,98 0,00 20,72 4,92 21,25 6,94 21,36 0,00 7,94 111,43

Brastoft A 7000 2.686.45 100.487.91 19,32 0,00 7,59 0,00 20,48 4,32 16,82 6,07 16,15 3,40 14,74 108,89

Cameco CHW 2500 2.564,28 117.888.58 34,53 0,00 6,95 0,00 23,39 2,44 8,00 2,67 13,34 0,00 7,27 98,58

* Os dados em análise referem-se a um equipamento de cada modelo em uma safra

Lembramos, que não podemos simplesmente comparar os dados de uma unidade produtora com outra e muito menos de um modelo com outro, pois essas informações só servem para uma orientação.

Sendo assim, a utilização de um Controle Informatizado; com o objetivo de agilizar essas avaliações de performances dos sistemas de corte, carregamento e transporte, bem como o diagnóstico por ordem de importância das causas dos altos custos, torna-se imprescindível.

Como pode ser observado os custos do Corte Mecanizado variam em até 57,0% de uma empresa para outra entre o custo mínimo e o máximo, com esse recurso podemos optar na escolha adequada dos equipamentos, negociação de terceirização, testes de outros equipamentos com tecnologia de ponta, reavaliar a logística do sistema.

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