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Cana é arma contra apagão

Transformar o bagaço e a palha da cana em eletricidade é a próxima aposta das usinas. Do plantio de cana-de-açúcar no Brasil, apenas 2% são para a geração de energia, superados pelo açúcar (44%) e etanol (54%). Mas expectativa é de que a bioeletricidade desbanque o açúcar e torne o segundo produto mais vendido a partir da cana. A previsão é de Marcos Jank, que preside a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), a maior entidade do segmento no País.

“Dorme uma Itaipu nas usinas de cana do Brasil”, declarou Jank, na palestra promovida pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Goiás (Aego), na última quarta-feira (15). Para ele, o potencial energético da cana produzida atualmente é até maior que a mais importante usina hidrelétrica do mundo. “Abasteceríamos um país como a Argentina”, exemplifica.

Jank considera a bioeletricidade segura contra o apagão. “E esta energia não está na Amazônia”, afirma o presidente. Segundo ele, as usinas localizadas na região foram implantadas em áreas de pastagem. “O desmatamento da Amazônia é culpa das madeireiras; falta fiscalização.”

Para o presidente da Unica, o setor é o que mais sofre ataques. “Culparam o etanol por encarecer o preço dos alimentos. Agora que o preço das commodities caíram, quero ver o que vão alegar.” Segundo Jank, o plantio da cana avança em pastagens, o que não contribui para a redução da pecuária.

Hoje existem no Brasil 3,4 milhões de hectares com plantio de cana, o que representa 1% da área agrícola no País. Em contrapartida, há 220 milhões de hectares de pastos, que podem comportar a expansão da cultura de cana-de-açúcar. “A questão alimentos versus energia não é um problema brasileiro. Mas sim dos Estados Unidos, que precisam produzir 120 milhões de toneladas para o etanol.”

A Unica defende sistema de certificação dos combustíveis de forma abrangente, apoiada nos três pilares de sustentabilidade: social, ambiental e econômico. “É preciso comparar as conseqüências do petróleo e do etanol a partir da cana, do milho, do trigo.”

Crise

A atual crise financeira internacional não afundará o setor, de acordo o presidente da Unica. O maior problema enfrentado hoje é a falta de crédito para as exportações. Ele admitiu que o BNDES está com atrasos na liberação dos financiamentos, mesmo com a liberação dos depósitos compulsórios. Para ele, o Brasil é o mais preparado para suportar a turbulência econômica.

O mercado interno, para onde vai 85% da produção do etanol, está aquecido, por isso não há uma preocupação grave no setor.

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