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Brasil terá 10 modelos que usam álcool e gasolina juntos em 10 meses

Haverá uma enxurrada, no Brasil, de automóveis que podem usar álcool e gasolina no mesmo tanque. Mais de uma dezena de automóveis equipados com o sistema que permite o uso de dois combustíveis estão programados para chegar nos próximos 10 meses. Depois do Volkswagen Gol Total Flex, lançado no final de março juntamente com a comemoração dos 50 anos da Volkswagen no Brasil, o mercado vai receber de uma só vez uma grande oferta de carros equipados com a tecnologia Flexfuel – nome patenteado há cinco anos pela Bosch, mas que virou sinônimo para o produto, assim como Bombril para palha de aço. O segundo modelo a chegar ao mercado será um GM.

O Chevrolet Corsa 1.8 Flexpower -nas carrocerias hatch e sedan- será lançado no dia 25 desse mês, com tecnologia fornecida pela Delphi. O sistema equipará 100% dos Corsa a partir do lançamento. “Para a GM, tecnologia não é opcional”, diz o vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto. Dois aspectos devem ser analisados a partir da afirmação do executivo. Apesar da aparente benevolência da montadora, com a tecnologia bicombustível o modelo passa a pagar o mesmo percentual de IPI -imposto sobre produtos industrializados- que um carro a álcool, ou seja, para um veículo com motor até 2.0 a alíquota é de 13% em vez de 15% como é o caso dos gasolina -pagos atualmente no Corsa.

Já para carros com cilindrada superior a dois litros, o percentual aplicado para o sistema Flex é de 20%, cinco pontos percentuais a menos que o mesmo modelo movido só a gasolina. Resumindo: apesar de mais tecnologia, o certo seria o novo Corsa custar o mesmo que o modelo atual, sem o sistema Flexpower.

Outra interpretação válida para a afirmação de Pinheiro Neto é o risco de aplicar a tecnologia em 100% do modelo, afinal “obriga” o consumidor a comprar uma tecnologia a qual ainda ele não tem conhecimento suficiente e, muitas vezes, teme em adquirir. Falta de opção é imposição e nem sempre dá certo. Depois da GM, a partir do início do segundo semestre as novidades, já como modelo 2004, começam a chegar às lojas aos “bandos”.

A maioria com tecnologia de três grandes fornecedores: Delphi, Magneti Marelli e Bosch. A Visteon, depois de surpreender o mercado, em maio do ano passado, ao apresentar no lançamento do novo Fiesta, o modelo já equipado com o sistema Flex Fuel, ou combustível flexível, foi deixada de lado pela Ford Motor Company do Brasil, que bandeou para outro fornecedor. A montadora decidiu por adotar o sistema da Magneti Marelli, que já fornece para a Volkswagen, no Gol Total Flex.

“O sistema demorou muito para ser concretizado, o maior problema da Visteon é o preço. O conjunto emprega um sensor de combustível no tanque que, apenas ele, custa R$ 500, para baratear o equipamento eles estão quase que recomeçando do zero”, afirma um engenheiro de uma das empresas envolvidas, que pediu para não ser identificado. “Não tivemos ainda a confirmação da Ford. Somos ainda um dos possíveis fornecedores, mas sem nenhum contrato fechado”, Jomar Napoleão, diretor de engenharia de produtos da Visteon. Consultada, a Ford, por meio de seu diretor de assuntos corporativos, Rogélio Golfarb, não confirma a mudança de fornecedor, mas admite que está fazendo análise com sistemas de vários fabricantes. “Não falamos sobre produtos que ainda não foram lançados”, diz Golfarb.

O Flex Fuel da Magneti Marelli, segundo a fonte consultada, irá equipar os motores Zetec RoCam 1.6 litro da Ford, nos modelos Fiesta e EcoSport. O prazo previsto para a chegada do sistema aos carros em linha de produção é o último trimestre desse ano, já como linha 2004. A expectativa confirma que a Ford, apesar de ser a primeira a apresentar, vai mesmo ser a última das quatro veteranas a lançar modelos com o sistema de combustível flexível.

Depois de VW e GM, chega a vez da Fiat com o Palio Fire 1.3, pela Magneti Marelli. A montadora mineira também planeja o sistema (fornecido pela Delphi) para a linha Palio e Strada 1.8 e o médio Stilo, que utilizam o mesmo motor do Chevrolet Corsa, da joint-venture GM-Fiat Powertrain. O monovolume Meriva, equipado com o mesmo propulsor, chega em meados do segundo semestre, época do mais importante lançamento de 2003 para a Volkswagen do Brasil.

O Tupi (projeto 249), uma mistura de hatch com um monovolume construído sobre a plataforma do Polo, chega em outubro, nas motorizações 1.0 e 1.6 litro, ambas com versões “Flex”. Na 1.0 litro, o sistema será fornecido pela Magneti Marelli, já a 1.6 -que utiliza o mesmo motor do Polo e do Golf – pela Bosch.

“O motor 1.6 já está pronto desde março e seria lançado primeiro no Polo, para a comemoração dos 50 anos da Volks no Brasil, mas por motivos mercadológicos a escolha foi inicialmente pelo Gol”, afirma o vice-presidente da divisão de powertrain da Robert Bosch, Besaliel Botelho. Segundo o executivo, a Volks ainda não posicionou o fornecedor sobre o mês exato que o Polo Total Flex entrará em produção. Depois do “start” da montadora, em dois ou três meses o produto já pode chegar às concessionárias. A previsão é no primeiro trimestre de 2004.

Depois de Corsa e Meriva, pela Magneti Marelli, a Chevrolet optou pela Bosch no tocante aos motores 2.0 e 2.2 (família 2). “Vamos equipar os modelos Astra, Vectra e Zafira no segundo semestre desse ano, início de 2004; para adequar o sistema os motores ganharão mais tecnologia como o acelerador eletrônico”, diz o vice-presidente da divisão de powertrain da Robert Bosch.

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