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“Brasil é o grande culpado pelo avanço do açúcar na Índia e na Tailândia”, afirma presidente da Alcopar

Miguel Rubens Tranin, presidente da Associação dos Produtores de Bionergia do Estado do Paraná (Alcopar), dispara, em entrevista ao JornalCana, que o setor sucroenergético brasileiro é o grande responsável pelo avanço da produção de açúcar na Índia e na Tailândia.

Confira a entrevista com o executivo:

Por que a Índia e a Tailândia são hoje os principais adversários do Brasil na produção de açúcar? 

Miguel Rubens Tranin – Os grandes culpados do avanço na Índia, Tailândia e em outros países que começaram a produzir açúcar, somos nós. Deixamos o açúcar ir a preços que cobriam qualquer deficiência. O adoçante a 40 centavos de dólar por libra-peso, como chegou, mascara qualquer ineficiência.

Explique mais

Miguel Rubens Tranin – [Diante uma alta dessas, com o açúcar a 40 centavos de dólar por libra-peso], eles simplesmente fizeram uma conta. E chegaram à conclusão de que é melhor produzir açúcar, vender, pegar o dinheiro e comprar alimentos, do que produzir alimentos.

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Isso porque o custo de produzir alimentos era maior?

Miguel Rubens Tranin – Sim. Por isso produziram açúcar para fazer dinheiro e comprar alimentos. E fizeram indução à produção de açúcar.

E o que o Brasil faz contra isso?

Miguel Rubens Tranin – Alguns estados brasileiros estão indo à Organização Mundial do Comércio (OMC) para pedir restrições, ou pelo menos pedir medidas coercitivas com relação a isso.

O que o sr. prevê diante uma situação dessas?

Miguel Rubens Tranin – Agora fica difícil controlar isso, porque já foi [a produção de açúcar já é feita pelos países]. Mas se o preço não for muito extrapolado, vejo como condição natural de esses países reduzirem as áreas com cana e passarem a produzir alimentos. Essa [a produção de alimentos] é uma questão de segurança para eles.

Como deve ficar?

Miguel Rubens Tranin – A crise porque passou o setor sucroenergético brasileiro nos últimos anos, espero, deu amadurecimento para os produtores e para a indústria nacional terem essa ponderação de não extrapolarem e não explorarem tanto a elevação dos preços. Isso permitiu não só a outros países entrarem na produção de açúcar, como no surgimento de produtos concorrentes do açúcar.

Como assim?

Miguel Rubens Tranin – Temos hoje grandes concorrentes do açúcar que são os adoçantes sintéticos. Produtos antes inviáveis economicamente, hoje são viáveis com o nível de preços obtido pelo açúcar. E outra situação que o varejo não tolera são oscilações muito grandes de preços.

Oscilações do açúcar, certo?

Miguel Rubens Tranin – Sim. [Essas oscilações de preços] não acontecem com o adoçante sintético. A indústria tem uma referência de preços para produzir e mantém o preço estável. Então essas distorções [de preços do açúcar] são um prejuízo para o setor sucroenergético brasileiro.

 

 

 

 

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