JornalCana

Boa notícia: o Brasil não é mais o maior perdedor de dinheiro com açúcar

Artigo originalmente disponibilizado no Blog da Cana

Júlio Maria Borges*

Conforme comentamos, nesta safra 2018/2019 o Brasil vai produzir um mínimo de açúcar e um máximo de etanol. Neste caso, a produção de etanol é um recorde histórico com 31,2 bi litros.

Como consequência desta produção recorde de etanol, a sua demanda no mercado interno será também um recorde. Deve alcançar 32,6 bi litros, sendo 97% deste total etanol combustível, hidratado e anidro. Este último, anidro, usado em mistura com gasolina de 27%. O recorde de consumo anterior no Brasil foi de 29,3 bi litros, na safra 2015/16.

Por outro lado, as exportações brasileiras de açúcar serão mínimas . Deverão alcançar 18,1 milhões de toneladas. Este é um volume muito baixo considerando as exportações dos últimos 10 anos . Neste período chegamos a exportar 28,3 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/2017.

Razões desta forte mudança na produção e demanda : preços relativos do açúcar e etanol.  

Os preços do petróleo e gasolina estão relativamente altos, o que dá suporte para preços do etanol e aumenta sua competitividade na bomba. Por outro lado, os preços do açúcar nos mercados externos são relativamente baixos.

Logo, o incentivo econômico para maximizar a produção de etanol é claro. Desde Outubro/17, o etanol no Centro-Sul remunera melhor o produtor que o açúcar. Este prêmio comercial do etanol sobre o açúcar de mercado interno variou de 4% a 40% e a expectativa é de que isto continue nos próximos meses.

 A situação privilegiada do Brasil frente a outros produtores mundiais de açúcar. 

Foto: Arquivo/JornalCana

O Brasil, isoladamente, conseguiu no mundo a condição privilegiada de ter flexibilidade significativa no uso da cana de açúcar, fazendo açúcar ou etanol. Com isto consegue calibrar seu mix de produção tendo em vista os preços relativos do açúcar e etanol, visando obter o melhor resultado financeiro em cada safra.

Os outros produtores e exportadores de açúcar, sem esta opção de produzir menos açúcar e mais etanol, amargam a condição de produzir, vender e tomar prejuízo no negócio de açúcar, quando seus preços não remuneram os custos.

Com a forte redução na produção de açúcar observada nesta safra , o Brasil deixou de ser o maior produtor mundial de açúcar. Passou o troféu para a Índia. Que bom, pois o Brasil deixou de ser o maior perdedor de dinheiro com açúcar no mundo.

*Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.

Email: julioborges@jobeconomia.com.br

Site: www.jobeconomia.com.br

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