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BNDES projeta concentração em desembolsos para usinas

Um número menor de usinas deverá receber financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para seus novos projetos. O ritmo de aprovação dos desembolsos está mais criterioso e não somente por causa da crise global, mas, sobretudo, pela situação financeira delicada dessas empresas no mercado.

Nos últimos anos, o segmento viveu clima de festa, com crédito farto, não só do BNDES, mas também de bancos comerciais. Reflexo disso é que o as usinas sucroalcooleiras foram fortemente beneficiadas por financiamentos: em 2004, respondiam por 1% dos desembolsos totais do BNDES. Neste ano, o representarão 7% dos recursos totais liberados.

Mas o fato é que agora a torneira de crédito secou. Uma análise sobre os valores desembolsados pelo até novembro não dá ainda a exata dimensão dos reflexos da crise. No acumulado deste ano até o dia 26 de novembro, o BNDES liberou R$ 5,773 bilhões para as usinas. Esse valor supera em 61% todo recurso liberado ao setor nos doze meses de 2007, de R$ 3,6 bilhões. Para 2008, a perspectiva é de que os desembolsos atinjam cerca de R$ 6 bilhões.

Em 2009, a previsão é de que os recurso fiquem nesta faixa ou menos. “O tíquete médio dos valores aumentou nos últimos dois anos para os novos projetos”, disse uma fonte do banco. O medidor da crise é que um número menor de usinas receberá daqui para frente financiamento do BNDES.

“Muitas empresas já submetem projetos para aprovação”, disse a mesma fonte. A aprovação de crédito do banco está mais criteriosa – e isso vale para todos os vários setores da economia. No caso das usinas, o agravante é que o risco de classificação de muitas delas – inclusive as de grandes grupos – aumentou, o que é levado em consideração. Outro fator que deverá ser levado em conta para a liberação ou não dos recursos é o resultado dos balanços dessas empresas durante a safra 2008/09.

Com uma carteira que inclui 80 usinas, o BNDES liberou de 2004 até o dia 26 de novembro cerca de R$ 13 bilhões em projetos para o setor sucroalcooleiro, que incluem construção de novas usinas, ampliação das unidades em operação, co-geração de energia e inovação tecnológica.

O grande volume liberado este ano – somente entre julho e 26 novembro foram R$ 3 bilhões, ante R$ 2,7 bilhões entre janeiro e julho, reflete os muitos projetos represados no primeiro semestre.

Os projetos em análise, principalmente a partir de setembro, quando a crise global se agravou, consideram o desempenho de resultados das empresas durante a temporada 2007/08, marcada por baixos preços do açúcar no mercado internacional.

Nos últimos meses, muitas usinas se alavancaram para tocar seus projetos. A estratégia para conseguir recursos no mercado é considerada tanto “ortodoxa pelo mercado, ou como melhor define o BNDES: “uma gestão financeira inadequada”. Muitas usinas se endividaram com financiamento de curto prazo, com ACC (Adiantamento de Crédito de Câmbio), contando que os recursos financiados pelo BNDES liquidariam essa essas dívidas.

Operações mais complexas, que incluem empresas ou fundos estrangeiros, têm um grau maior de maturação para aprovação. Os projetos estruturados por vários bancos também, uma vez que inclui discussões jurídicas de várias instituições financeiras.

Outros grupos, que apostaram na abertura de capital, mas tiveram seus planos foram frustrados, também têm dificuldades para conseguir recursos no mercado. Para fontes do setor sucroalcooleiro, o BNDES tem sido muito burocrático na liberação de recursos. Segundo fontes do BNDES, burocracia para a liberação de recursos sempre ocorre. No entanto, a peneira está mais fina.

“Nenhuma usina quebra por conta de um ou dois anos de preços baixos. Mas por estratégias de gestão financeiras equivocadas”, afirmou uma outra fonte do banco. Entre 2005 e 2006, o cenário para essas usinas era positivo. Agora tudo mudou. “O volume de garantia aumentou e muitas empresas não podem mais bancá-lo porque não tem mais as mesmas garantias de antes para oferecer”, informou a mesma fonte.

Embora o cenário de preços esteja positivo para o açúcar no ano que vem, o fato é que o resultado disso nos balanços das usinas só será percebido nos próximos meses. Até lá, o setor terá certa dificuldade para conseguir crédito no mercado.

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