Mercado

Biocombustíveis e a indústria da mobilidade

A crescente consciência dos problemas ambientais causados pelos gases de efeito estufa provenientes da combustão de combustíveis fósseis, a forte volatilidade dos preços do petróleo no mercado nacional e internacional, o avanço das pesquisas, desenvolvimento e geração de novas tecnologias, o estabelecimento de políticas públicas específicas, tudo isso atrelado à enorme competência da engenharia nacional permitiram que o Brasil se tornasse referência mundial em biocombustíveis

A crescente consciência dos problemas ambientais causados pelos gases de efeito estufa provenientes da combustão de combustíveis fósseis, a forte volatilidade dos preços do petróleo no mercado nacional e internacional, o avanço das pesquisas, desenvolvimento e geração de novas tecnologias, o estabelecimento de políticas públicas específicas, tudo isso atrelado à enorme competência da engenharia nacional permitiram que o Brasil se tornasse referência mundial em biocombustíveis, colocando o País em uma posição estratégica interessante e permitindo que tecnologias nacionais contribuam de maneira ainda mais efetiva para a sustentabilidade ambiental e econômica dos países e corporações.

E isso não é recente. A utilização de combustíveis não-fósseis produzidos a partir de base orgânica na indústria da mobilidade nacional remonta às décadas de 1970 e 1980, totalizando cerca de 30 anos de trabalho árduo. Estamos na vanguarda, especialmente em relação ao etanol. Dominamos o cultivo, produção, exploração e conversão da cana-de-açúcar no mais bem-sucedido biocombustível em uso no planeta.

Entretanto, é necessário avançar. As recentes metas estabelecidas pelos países desenvolvidos para expandir o percentual dos biocombustíveis em suas matrizes energéticas, assim como os requisitos de mercado que exigem veículos cada vez mais eficientes, impõem novos desafios e enormes oportunidades para a engenharia automotiva brasileira. Além disso, precisamos otimizar a exploração de biomassa, a emissão de CO2 no ciclo de vida dos produtos, a competição por recursos hídricos e terra plantada e os impactos sócio-econômicos da modernização dos métodos agrícolas.

Raciocínio semelhante se aplica à indústria aeronáutica, com desafios ainda maiores. Antes de se utilizar biocombustíveis em aeronaves é imprescindível garantir o atendimento aos requisitos de segurança de vôo, desempenho, especificação, capacidade energética, qualidade, distribuição e custos, sem falar das questões de sustentabilidade ambiental.

É nesse contexto que a SAE BRASIL reúne profissionais de engenharia, acadêmicos, representantes do governo e executivos de grandes empresas em um importante evento neste dia 24 de novembro. É com o objetivo de caracterizar os desafios globais e brasileiros para o binômio biocombustíveis-mobilidade nos âmbitos tecnológico, econômico e social, apresentar as estratégias de importantes corporações do setor e discutir o papel da engenharia da mobilidade brasileira sob a ótica de líderes da indústria e academia que faremos o 1º Seminário SAE BRASIL Mobilidade, Meio Ambiente e Fontes Renováveis de Energia, no Parque Tecnológico de São José dos Campos.

Com uma programação interessante, o seminário contará com a participação de instituições de reconhecida atuação nacional e internacional, como a Vale Soluções em Energia (VSE), que apresentará sua visão em relação aos desenvolvimentos da indústria e a busca por novas soluções energéticas com base nos biocombustíveis.

Já a Embraer, fabricante do avião Ipanema, única aeronave certificada movida a etanol e usada na aplicação de defensivos agrícolas, semeadura e combate a incêndios, contará os esforços no desenvolvimento de biocombustíveis sustentáveis.

Os incentivos e oportunidades que o conceito de parques tecnológicos gera para a pesquisa e desenvolvimento de fontes alternativas de energia será o foco da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. A apresentação seguirá com fabricantes de tecnologias em motores diesel e multicombustível sobre suas recentes contribuições para o meio ambiente, como as novas gerações do sistema flex, os desafios do domínio do ciclo do etanol e as oportunidades de futuro.

Por fim, trata-se de uma oportunidade singular para troca de experiências e visões, fortalecimento e até mesmo ampliação da rede de relacionamento em favor do meio ambiente e indústria nacional, com soluções no âmbito tecnológico e da sustentabilidade.

Luiz Augusto Nerosky é diretor do 1º Seminário SAE BRASIL Mobilidade, Meio Ambiente e Fontes Renováveis de Energia

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