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ALL avalia aumento de capital para investir na melhora de seus ativos

A América Latina Logística (ALL) avalia fazer um aumento de capital para poder investir na melhoria de seus ativos e na malha ferroviária, apurou o Valor. Essa operação está em discussão e deverá ocorrer após a conclusão das negociações da entrada da Cosan no bloco de controle da companhia férrea, que ainda não tem prazo para ser concluída.

No mercado, há indicações de que a companhia tem necessidade de levantar entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões para fazer os investimentos que melhorem a eficiência da companhia.

“O aumento de capital é uma condição ´sine qua non´ [essencial]”, disse uma fonte, reforçando que a empresa precisa de pesados investimentos em infraestrutura para ganhar eficiência.

Em fevereiro de 2012, o grupo de infraestrutura e energia Cosan fez uma oferta de R$ 896 milhões para comprar ações dos acionistas Riccardo Arduini, conselheiro da companhia, de sua esposa Julia Dora Koranyi Arduini, e da GMI (Global Market Investiments), representando Wilson de Lara. Se aprovada a operação, a Cosan se tornará a maior acionista individual do grupo de controle, com 49,1%, e 5,6% do capital total. A transação depende ainda da aprovação dos demais sócios do bloco de controle: entre eles o BNDESPar, braço de participações do BNDES, Previ, Funcef e BRZ ALL.

O Valor apurou que o BNDES assumiu a condução das conversações para que o acordo entre as duas empresas seja fechado rapidamente. No entanto, não há sinalização de uma data para a finalização do negócio e nem garantias de um acordo.

Procurada, a Cosan nega que o grupo esteja em avaliando a operação. A ALL também nega que haja plano de aumento de capital.

A ALL vive, neste momento, um período de “inferno astral”. No início do mês, a companhia anunciou a troca de comando. Eduardo Pelleissone deixou a presidência da empresa para compor a diretoria-executiva da Heinz, fabricante americana de alimentos recentemente adquirida pelo fundo 3G e pela Berkshire Hathaway, que passou a ser presidida por Bernardo Hees, também ex-presidente da ALL. Em seu lugar, assumiu Alexandre Santoro, que está à frente da Vetria Mineração, companhia formada em parceria entre a ALL, Triunfo e Vetorial. Por enquanto, o executivo vai acumular as duas funções. Na mesma semana, a companhia teve seus ativos cassados pelo governo da Argentina.

Fontes do mercado afirmaram ao Valor que a entrada da Cosan no bloco de controle daria um choque de gestão à companhia ferroviária, que tem sua estrutura engessada. O grupo tem todo o interesse em entrar no bloco de controle da companhia, como parte da estratégia para focar seus negócios em infraestrutura.

No ano passado, a concessionária, operadora de mais de 12 mil quilômetros de ferrovias no Brasil, teve receita líquida de R$ 3,56 bilhões, com lucro de R$ 237 milhões. Oriunda da privatização da Rede Ferroviária Federal, a ALL tem operações no Brasil e na Argentina, e acesso aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Fontes afirmaram que a companhia nos últimos anos teve seu foco voltado para resultados imediatos, o que tem comprometido os investimentos em manutenção da malha e reposição de material rodante. Ao adquirir a Brasil Ferrovias (antigas Fepasa e Ferroban e Ferronorte), a empresa herdou grande parte dos ativos considerada degradada.

A ALL e outras empresas do segmento ferroviário esperam ainda por maior esclarecimento sobre as novas regras do setor. “Há dúvidas sobre a implementação nas companhias que já possuem concessão. Pelas novas regras, a ALL teria que se dividir em duas empresas – uma para as vias em manutenção e outra para operar” disse um fonte.

Ontem, as ações da ALL encerraram o dia cotadas a R$ 10, alta de 0,4%. No mês, os papéis registram queda de 6,1%, A valorização no ano atinge 21,3% e, nos últimos 12 meses, elevação de 13,5%, de acordo com Valor Data.

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