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Álcool vai ter novo reajuste

Os brasilienses terão uma surpresa desagradável nos próximos dias. O álcool, vendido até o fim de setembro a R$ 1,89 e reajustado no início de outubro — primeiro para R$ 1,99 e depois para R$ 2,05 — deve ter uma terceira alta.

Proprietários de postos de combustíveis do Distrito Federal queixam-se dos aumentos sobre o derivado da cana-de-açúcar repassados pelas distribuidoras. A rede Gasol, proprietária de um terço dos 320 postos existentes em Brasília e região, confirmou que uma nova elevação ao consumidor acontecerá. O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do DF (Sinpetro-DF) afirmou que as decisões dos empresários são individuais e que não comenta o comportamento do varejo.

Mas confirmou que o litro do álcool está mais caro para quem revende na bomba. Na última segunda-feira, teria havido reajuste de R$ 0,04 para as empresas, e mais um aumento estaria previsto para a próxima quarta.

“É uma covardia o que estão fazendo. As usinas repassam para as distribuidoras, elas transferem para os postos, e nós não temos outra alternativa a não ser reajustar. O que falta realmente ao álcool é um estoque regulador”, diz Antônio Matias, proprietário da Gasol.

Ele afirma que, daqui até março de 2011, a previsão é de sucessivos aumentos sobre o preço álcool na bomba, em razão do período de entressafra da cana. A gasolina, que leva 20% de álcool na composição, pode subir também. O derivado do petróleo foi penalizado pelo aumento do etanol no DF. Em 16 de outubro, passou de R$ 2,69 para R$ 2,75.

O presidente do Sinpetro-DF, José Carlos Ulhôa, apesar de não confirmar reajuste do biocombustível para os próximos dias, admitiu que o consumidor pode esperar encarecimento do produto até o início da próxima safra. Ele culpa principalmente as usinas. “É um absurdo, porque só recentemente é que as chuvas começaram, inviabilizando a produção. As usinas não têm razão para aumentar preço. É manipulação grosseira do estoque”, acusa.

A notícia de que o álcool ficará ainda mais caro assustou o advogado Godofredo Filho, 46 anos, morador de Sobradinho. “É um absurdo. Daqui a pouco a gasolina vai subir mais também”, previu ele, ao defender a redução da quantidade de álcool na gasolina. No ano passado, no período da entressafra, para tentar segurar o preço da gasolina, o governo reduziu de 25% para 20% o percentual do etanol. “O pior é que não há variação de preço nos postos de Brasília”, completou.

Jogo do empurra

Representantes das distribuidoras de combustíveis e produtores de cana-de-açúcar não se entendem, e acusam uns aos outros pela elevação dos preços do etanol e pelos valores altos que o derivado da cana atinge no DF.

O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, diz que o preço cobrado das distribuidoras está na média de R$ 1,15. “Elas (distribuidoras) têm que explicar porque vendem tão caro para o Distrito Federal, já que em Goiás o etanol sai a R$ 1,64 na bomba. Tem imposto e frete, mas só isso não justifica”, afirma. Rocha declarou ainda que, apesar do início das chuvas, os produtores de Goiás mantêm um bom estoque de cana-de-açúcar e não estão aumentando excessivamente os preços.

Alísio Vaz, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) afirma que as usinas devem responder pela alta dos preços, uma vez que controlam os estoques do produto. “Desde setembro, o preço nas usinas teve uma elevação de 18%. Não é nossa atividade produzir. Procuramos sempre os melhores preços”, declara.

Colaborou Diego Amorim

Para saber mais

CÁLCULO

Para saber quando é mais vantajoso abastecer com álcool ou gasolina, divida o preço do álcool pelo preço da gasolina num mesmo posto e multiplique o resultado por 100. Se o valor final for inferior a 70, o álcool é mais vantajoso.

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