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Ajuste fará economia passar por período difícil no ano que vem

A economia brasileira deve passar por novos meses de desânimo no início de 2015, resultado da combinação de aumento dos juros -para controlar a inflação- e do ajuste nas contas do governo.

Por mais negativo que possa parecer, o cenário é tratado por analistas como uma correção de rota que deve levar o país a voltar a crescer a partir do segundo semestre do ano que vem.

A previsão se deve à expectativa de que a inflação deve acelerar no início do ano, podendo alcançar 7,5%. A liberação dos preços que estavam represados, como tarifas de ônibus e de energia, deve fazer o custo de vida subir.

Além disso, os preços devem subir com o esperado aumento de impostos, que entrou no radar dos analistas após o futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmar que pretende elevar a meta de economia do governo de quase zero para o equivalente a 1,2% do PIB em 2015.

“Dá para fazer [esse esforço fiscal] e não mata a economia”, afirma o ex-diretor do Banco Central e sócio da gestora Mauá Sekular, Luiz Fernando Figueiredo.

“O esforço tem um impacto contracionista. Mas, com o ajuste, há condições de o PIB em 2015 ser positivo. Sem ele, a economia poderia ter uma recessão enorme, com queda de até 2%”, afirma ele.

A previsão central de analistas é de um crescimento de 0,8% no ano que vem, um pouco melhor do que o resultado deste ano -que deve ficar ao redor de 0,2%.

Para Figueiredo, o fator que deve impulsionar o PIB é o restabelecimento da confiança do setor produtivo, em queda desde o início do ano passado. À medida que os empresários acreditarem que estará em curso uma correção da economia, será possível prever a volta dos investimentos.

“Em países como o Brasil, que têm pouca poupança e que dependem de investimento estrangeiro, a confiança tem um papel-chave”, diz.

Dúvidas

Ainda há dúvidas sobre se a equipe econômica conseguirá colocar em prática todo o ajuste prometido. As medidas corretivas podem provocar aumento do desemprego, com crescimento menor. Analistas temem que isso possa fazer o governo recuar.

A economista Margarida Gutierrez, da Coppead/UFRJ, prevê que a taxa de desemprego suba dos atuais 4,7% para 5,5% no início de 2015.

“Pode ser que o PIB venha negativo em um trimestre, mas a perspectiva do ano é melhor do que 2014”, diz ela.

Novo cálculo

O PIB do terceiro trimestre foi o último calculado com a atual metodologia. Desde 2012 o IBGE prepara a mudança, que vai calcular o PIB com a estrutura produtiva de 2010.

Até agora, a base de cálculo era a economia de 2000.

Alguns analistas estimam que as novidades possam contribuir para um número mais positivo do PIB deste ano. Na indústria, resultados devem aparecer melhores.

Na conta de investimentos, por exemplo, passarão a ser computados os gastos das empresas com software.

Fonte: Folha de S. Paulo

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