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África vira mercado atrativo em plena crise

Apesar da crise estar prejudicando as exportações para diferentes mercados, a África vem se tornando uma boa opção aos empresários brasileiros interessados em driblar a crise. No período de janeiro a setembro, a Ásia foi o bloco que teve a maior elevação de transações comerciais com o Brasil, crescendo 59,7% e passando de US$ 40,2 bilhões para US$ 64,2 bilhões. Em segundo lugar aparece a África com US$ 20,2 bilhões, contra US$ 13,8 bilhões do ano passado. Em todo o ano de 2007 o valor somou US$ 19,9 bilhões, já nesse ano, o Brasil exportou US$ 7,4 bilhões para o continente e importou US$ 12,8 bilhões, gerando um saldo deficitário de US$ 5,4 bilhões.

De acordo com Adalberto Camargo Junior, secretário geral da Câmara de Comércio Afro-brasileira, existem fatores extremamente atrativos para os produtos brasileiros. “Olha, eu acredito que essa crise vai ter influencia mundial. Mas, por outro lado, o crescimento do continente tem sido alto, nunca abaixo de 6%. Mesmo com a crise, seria mais uma opção para o empresariado brasileiro.”

Camargo acrescenta que “o grande mercado do Brasil lá é formado de manufaturados. Já que o parque industrial africano é muito restrito”, diz. No entanto, o secretário informa que os chineses têm participado mais da região, investindo e comprando insumos para sua indústria. “Vejo no brasileiro uma falta de ímpeto para buscar novos mercados”, alega.

O professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Cláudio Ribeiro, havia afirmado há cinco meses que o comércio do Brasil com o continente poderia aumentar em 50% até 2010. Agora, mesmo após a crise, o professor reafirma a previsão. “Continuo acreditando porque os planos das companhias já estão feitos. A Votorantim fechou acordo na área de etanol e agricultura com participação da Odebrecht em Angola, a Vale do Rio Doce também tem projetos ousados, a Petrobrás não pára de investir”, afirma o acadêmico. Para ele, o grande impacto da crise no continente será no setor de commodities. “Como a África é grande fornecedora vai sofrer com a queda de preços. Principalmente entre os países que exportam mais minério e alimentos”, aposta Ribeiro. Entre essas nações mais afetadas, Ribeiro cita Moçambique e Gongo, grandes produtores de minério e África do Sul, de alimentos. Já Angola e Nigéria, que exportam petróleo, tendem a sofrer menos.

O professor destaca que o sucesso comercial entre o País e o continente foi conquistado graças ao investimento do governo na internacionalização de empresas, além da boa diplomacia no continente.

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