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Açúcar não sai imune ao setembro negro

O mês de setembro já é considerado um dos piores da história para o mercado financeiro. A crise financeira global, que teve início no segundo semestre de 2007, desencadeada pelo mercado de subprime americano, tomou proporções gigantescas este segundo semestre, levando a bancarrota várias instituições financeiras consideradas sólidas no mercado internacional.

Para as commodities, sem nenhuma exceção, os fundamentos ficaram de lado. O resultado é que em setembro houve uma forte fuga dos fundos de investimentos das bolsas, levando os preços das principais commodities agrícolas ao fundo do poço. Para o açúcar, não foi diferente. O contrato “spot” (físico) para a tela de outubro saiu dos 14,20 centavos de dólar por libra-peso, e chegou a ser cotado abaixo da faixa de 12 centavos. Os contratos de março, maio e julho de 2009 recuaram dos 15,50 a 15,90 centavos de dólar por libra-peso no final de agosto para a casa dos 14 centavos de dólar por libra-peso.

Segundo Miguel Biegai, analista da Safras&Mercado, o açúcar, apesar de toda a turbulência global financeira, foi uma das commodities que suportou um pouco melhor o baque da crise que começou nas bolsas de valores e se alastrou para as bolsas de mercadorias.

Se há um lado bom nessa história, pode se dizer que a valorização do dólar compensou um pouco a queda dos preços. No mês de setembro, a moeda americana teve forte valorização sobre outras moedas estrangeiras. Em relação ao real, a alta chegou a ser de quase 15%, saindo dos R$ 1,70 do início em setembro para até R$ 2,45, verificado durante o dia 8 de outubro.

Mesmo com o forte pânico instalado no mercado, os fundamentos para o açúcar continuam firmes. Mas não dá para dizer que os preços vão continuar firmes. Segundo a consultoria Safras&Mercado, os fundamentos se respaldam na percepção de que o mundo vai mesmo produzir menos açúcar nesta safra 2008/09. E redução de produção, paralelo a aumento de consumo, mesmo que em ritmo lento, reflete em redução da relação estoque e consumo, que por sua vez é o suporte fundamental para um mercado com viés de alta.

A redução de produção reflete a elevação dos custos, principalmente dos fertilizantes. E o preço da gasolina elevada vem do petróleo, que também não tem motivos para cair para patamares muito abaixo dos US$ 60 o barril.

Segundo a consultoria Archer, o mercado de açúcar está oscilando por conta da valorização do dólar frente a outras moedas, liquidação dos fundos e pânico do mercado.

Em seus últimos relatórios, Arnaldo Corrêa, sempre destacou a importância de se fixar o dólar também, assim como fazer hedge para os preços futuros do açúcar. Em pouco menos de um mês, o dólar se valorizou cerca de 15% sobre o real. Essa valorização compensa, pelo menos uma pequena parte a queda dos preços do açúcar no mercado internacional.

A crise de crédito no mercado internacional afeta o dia-a-dia das empresas do setor sucroalcooleiroe pode colocar em risco a expectativa positiva de preços para 2009. Não há motivos ainda para achar que os preços possam vir abaixo de 12 centavos de dólar por libra-peso. No entanto, há muito açúcar a ser fixado contra 2009 e pouco crédito disponível dos bancos e das corretoras que tem um banco por trás para lastrear as operações de hedge.

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