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A auspiciosa era do hidrogênio e do álcool

A humanidade ao longo da história passou por diversas fases tecnológicas quanto a obtenção da energia que necessitava. A epopéia da civilização começou com a lenha, passou pela domesticação de animais, descobriu vantagens do carvão, aproveitou a força hídrica para várias finalidades, queimou óleo animal, natural, gás, o grego Hero inventou a utilização do vapor, que quase um milênio e meio mais tarde tornou-se o alicerce da revolução industrial, refinou o petróleo, inventou a utilização da energia elétrica, a atômica e redescobriu o hidrogênio como fonte primária, infinita e limpa. Lentamente passamos por essas matrizes energéticas, e agora deixaremos para trás a economia do carbono fóssil, para ingressarmos na economia do hidrogênio e do álcool. Toda troca de paradigma sempre provocou reações e sofreu processo protelatório , alguns com fundamentos sólidos, outros apenas defendendo interesses fortemente estabelecidos. Basta ver o que ocorreu com o vapor. No passado, com inovações amplamente utilizadas pela Alemanha na 2ª guerra, inclusive o álcool combustível, que acionava carros e tanques de combate, a todos os foguetes V1 e V2. Os Scuds russos e iraquianos até hoje são movidos a álcool. Foi também o confiável combustível usado no mais poderoso foguete construído até hoje, o Saturno V que levou o homem à Lua. Foguetes usam o álcool como fonte de hidrogênio. Protela-se o hidrogênio porque é difícil sua obtenção economicamente competitiva nos países de clima frio e temperado e, naturalmente, a indústria de extração e venda de energéticos fósseis boicota as tecnologias que possam ameaçá-la. O hidrogênio é uma das matérias mais abundantes no universo e seu uso jamais provocará alterações ambientais. Já o problema de todos os fósseis é insolúvel, pois a queima de cada átomo de carbono a atmosfera perderá, impreterivelmente, de forma irreversível, dois átomos de oxigênio. É por isso que se diz que a queima dos fósseis reconstrói a condição climática da terra, à pré-jurássica era carbonífera. Falta pouco para que a troca da matriz se torne realidade. É uma questão de economia de escala melhorar custo-benefício, pois o preço das novas tecnologias vem caindo muito, mesmo na pequena escala que são produzidas. Enquanto isso os fósseis sobem e subirão de preço com o passar do tempo. Adicionalmente , fósseis geram pouco emprego e já há grande preocupação com suas graves conseqüências climáticas, ambientais e de saúde geral. A questão do custo-benefício virou preocupação constante e possibilitou identificar que grandes somas devoradas pela saúde pública têm origem no petróleo, como também perdas agrícolas ocasionadas pela alteração do clima; a contaminação de mananciais de água potável; a corrosão induzida pelo enxofre, subproduto da queima, que atinge vários bilhões de dólares anualmente, isso sem falar em outras implicações do efeito estufa sobre a fauna e a flora terrestre e aquática. No fim da linha citamos o essencial fator econômico a conversão energética dos fósseis pela queima, onde primeiro gera-se calor para depois tranformá-la em energia mecânica, limitada pela lei termodinâmica de Carnot. Até hoje não se conseguiu ultrapassar a eficiência de 20%. Os automóveis por exemplo, com toda técnica oscilam entre 14 a 17%. Na conversão indireta do hidrogênio, ou seja, pela reforma de combustíveis, alcança-se eficiência entre 30 a 50%, dependendo do teor de hidrogênio e composição química do combustível. O álcool hidratado é mais eficiente devido a composição química. O hidrogênio direto pode atingir até 90% de eficiência com aproveitamento do calor! Esse cenário baliza claramente que, em matéria energética, o século XXI será o portal de entrada da era do hidrogênio. A era do carbono está chegando ao fim.

Edgard Clare é presidente da ADEC –

Associação de Defesa Comunitária do Rio de Janeiro (RJ)

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