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5 alertas sobre o impacto da redução de nota de crédito do Brasil nas usinas de cana

A redução de nota de crédito do Brasil na quarta-feira (09/09/2015) de BB+ para BBB-, com perspectiva negativa, pela agência de classificação de riscos Standard & Poor’s (S&P), terá efeitos no curto e médio prazo no setor de usinas de cana-de-açúcar.

Analistas econômicos ouvidos pelo Portal JornalCana nesta quinta-feira (10/09) ajudaram a equipe do portal a listar 5 alertas sobre o impacto que a redução da nota terá sobre o setor sucroenergético.

Conheça a seguir os 5 alertas.

1 – Impacto na prospecção de recursos

Pelo menos 100 usinas de cana-de-açúcar seguem no ‘sinal amarelo’, com sérios problemas financeiros, e apesar da liquidez com a comercialização de etanol, e mesmo com negociações de contratos de açúcar para a safra 16/17, muitas dessas unidades continuam em busca de recursos financeiros para o dia a dia. Essa busca tende a ficar mais cara e difícil porque o setor pagará o preço Brasil, que deixa de ser atrativo em níveis mundiais.

2 – Possível fuga de novos investidores

A redução da nota de crédito pela S&P penaliza as previsões otimistas para o setor sucroenergético brasileiro a partir da 2017, com a queda nos estoques mundiais de açúcar e com mercado doméstico de etanol consolidado, o que serviria para atrair novamente os investidores externos para o setor, independente da crise econômica e institucional do país. As chances dessa atração, agora, ficam mais distantes.

O setor sucroenergético também será afetado pelo rebaixamento da nota de crédito do Brasil
O setor sucroenergético também será afetado pelo rebaixamento da nota de crédito do Brasil

3 – Risco nas negociações em andamento

Usinas de cana-de-açúcar em fase de negociação com grandes grupos podem correr o risco de perder. É o caso da Black River, também controlada pela americana Cargill, que estaria finalizando a compra das duas usinas de cana do Grupo Ruette. Ou da canadense Brookfield, que estaria negociando a aquisição das usinas controladas pela indicana Renuka.

4 – Engavetamento de novos negócios

Um grupo de médio porte do interior paulista confirmou na última Fenasucro contratos de compra de equipamentos para uma nova destilaria de etanol de cana. Os documentos ainda não foram assinados. Será que diante a situação de perda de nota pela S&P esse grupo seguirá adiante em seu projeto?

5 – Mais custos para as usinas

Com maior dificuldade de obter crédito, diante os reflexos da perda da nota de crédito, as usinas de cana também terão os custos ampliados, principalmente se têm endividamento em dólar. Às 9h30 dessa quinta-feira (10/09), a moeda americana valia R$ 3,80, mas analistas preveem que passe dos R$ 4 até no fim da tarde dessa quinta.

 

Saiba tudo sobre a perda do grau de investimento

A redução pela S&P da nota de crédito do Brasil de BB+ para BBB-, com perspectiva negativa, significa que há chance de nova revisão para baixo no futuro. Com a redução, o Brasil perde o grau de investimento, conferido a países considerados bons pagadores e seguros para investir.

No comunicado, a agência diz que o perfil de crédito do Brasil enfraqueceu desde 28 de julho, quando houve revisão da perspectiva de nota do país para negativa, ainda com manutenção do grau de investimento. O Portal JornalCana trabalha esse texto com informações divulgadas pela Agência Brasil, controlada pelo Governo federal. 

A S&P sinaliza que a proposta orçamentária do país para 2016, prevendo um déficit primário de R$ 30,5 bilhões em lugar do superávit de 0,7% estimado anteriormente, influenciou a decisão do rebaixamento.

Para a agência, a proposta orçamentária com déficit “reflete desacordo sobre a composição e magnitude das medidas necessárias para reparação da derrapagem das finanças públicas”. A nota também cita a relação entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a presidenta Dilma Rousseff.

Dilma Rousseff, presidente do Brasil: rebaixamento de nova (Foto: Agência Brasil/Divulgação)
Dilma Rousseff, presidente do Brasil: rebaixamento de nova (Foto: Agência Brasil/Divulgação)

“Enquanto o ministro da Fazenda está trabalhando para levar adiante várias medidas para retomar a meta inicial de 0,7% de superávit, elas precisarão ser negociadas com o Congresso. Mais importante, a série de eventos que levou à proposta orçamentária [com déficit] sugere coesão diminuída com o gabinete da presidenta Dilma Rousseff e contribui para nossa avaliação de um perfil de crédito mais fraco”, diz o comunicado.

Além da revisão da S&P da perspectiva da nota de crédito do país para negativa no fim de julho, a Fitch fez o mesmo em abril. A Moody’s, por sua vez, também rebaixou o país em agosto. A agência reduziu a nota brasileira de Baa2 para Baa3, o que ainda significa grau de investimento.

 

Entenda o grau de investimento de um país

A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos inv

Da mesma forma, uma boa classificação atrai investimentos estrangeiros ao país. Fundos de pensão estrangeiros investem apenas em países com grau de investimento.

Desde 2008, o Brasil passou à categoria de grau de investimento. A primeira agência a incluir o país na categoria foi a S&P, em abril de 2008, seguida pela Fitch, em maio do mesmo ano, e pela Moody’s, em setembro de 2009. Atualmente, a S&P e a Moody’s classificam o Brasil uma nota acima do grau de investimento. A Fitch é a única agência que põe o Brasil duas notas acima dessa classificação. Caso o país seja rebaixado, passará para a categoria de grau especulativo.

No caso dos títulos públicos, o grau de investimento ajuda um país a conseguir juros mais baixos nos papéis da dívida externa. Por meio da dívida pública, um governo emite títulos para levantar recursos no mercado financeiro. O dinheiro serve para atender às necessidades de financiamento e permitir que o Tesouro honre os compromissos de curto prazo.

Em troca, o governo compromete-se a devolver o dinheiro aos investidores com juros. Quanto menores as taxas, maior a confiança na capacidade de pagamento do país.

Embora as notas sirvam de parâmetro para a credibilidade de governos e de empresas no mercado financeiro, as agências de classificação de risco enfrentam críticas por terem errado nos prognósticos.

Antes de 2008, as agências deram notas altas para as operações de venda de créditos imobiliários nos Estados Unidos, que entraram em colapso e desencadearam uma crise econômica global. Em 2013, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu investigação contra a Standard & Poor’s por suspeita de fraude na classificação de produtos hipotecários.

estidores. As agências também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado financeiro, também avaliando a capacidade de as companhias honrarem os compromissos.

O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a dívida pública sobe à medida que a nota diminui. Quando um país dá calote, os títulos passam a ser considerados como de lixo. O mesmo vale para as empresas.

As agências mais conceituadas pelo mercado são a Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s (S&P), que periodicamente mandam técnicos aos países avaliados para analisarem as condições da economia. Uma avaliação positiva faz um país e suas empresas levantar recursos no mercado internacional com custos menores e melhores condições de pagamento.

 

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