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Quais são as razões?

A microbiologia industrial desenvolvida ao longo destes anos no setor sucroenergético, desde o seu inicio na década de 1970, tem mostrado a capacidade técnica dos microbiologistas que abraçaram o setor e desenvolveram técnicas laboratoriais específicas para se monitorar condições essenciais dentro de um programa de gerenciamento e monitoramento constante da fermentação saudável.

Estes profissionais foram ao longo desta rica história buscar em outras áreas, técnicas consagradas que adaptadas ao setor deram vida ao laboratório industrial. Pesquisas de alto nível em fermentação, controle microbiológico e monitoramento realizadas em nossas universidades, propiciando novas descobertas e inovações tecnológicas, de repente se deparou com uma questão sui generis ou até mesmo inexplicável da dificuldade das Indústrias incorporarem estas novas descobertas e tecnologias em suas rotinas laboratoriais.

Indo mais fundo no assunto, constatamos que o Laboratório de Microbiologia, que historicamente, sempre teve uma importância fundamental e vital para a fermentação, passou a ser assistido tecnicamente por profissionais técnicos que em suas formações acadêmicas não tem a disciplina de microbiologia em suas grades curriculares ou quando as tem são muito superficiais. O microbiologista de formação acadêmica solida tem em sua grade curricular pelo menos um ano de estudos  mais um aprimoramento que varia de seis meses a mais de um ano para concretizar os seus conhecimentos básicos na área.

Estes conhecimentos são importantes, pois em se tratando de uma ciência dentro de uma ciência, a fermentação precisa de profissionais preparados para exercer tal função. Uma das funções deste profissional esta em realizar protocolos oficiais de diagnósticos rotineiros que sabidamente trazem benefícios no controle microbiológico deste tão rico processo fermentativo e lucratividade com uma fermentação de alta performance.

Este mesmo profissional, com esta formação sólida, este preparado para gerenciar através de suas técnicas em microbiologia, de estudar e concluir, por exemplo, qual é o mix de leveduras do seu processo  que estão adaptadas a realizarem um bom rendimento fermentativo, vejam bem, ainda encontramos unidades que para darem a sua partida insistem em fazer uso de leveduras de panificação.

Este mesmo profissional, com formação sólida, também esta preparado em realizar estudos de sensibilidade de princípios ativos de antimicrobianos e antibióticos, protocolos oficiais reconhecidos pela Anvisa, conhecido na área médica como INCQS-FIO CRUZ, com certeza um microbiologista bem formado tem este conhecimento e que fazendo uso do mesmo contribui não somente para um controle efetivo da contaminação bacteriana da fermentação ao tocante as bactérias que se instalam no processo fermentativo, mas através destes concluírem quais são as suas concentrações inibitórias mínimas de antibióticos e antimicrobianos, não propiciam ou dificultam que estas bactérias venham a desencadearem o fenômeno da resistência.

Com certeza assunto preocupante, pois o uso abusivo destes princípios ativos levam estas bactérias a se tornarem multirresistentes. Você tem ideia há quanto tempo microbiologistas falam deste assunto sem encontrar seguidores? Como curiosidade anexamos uma Análise de Cepas que é um resultado de um pequeno estudo que fizemos neste tocante, fizemos uso de bactérias isoladas e identificadas do processo de fermentação e submetemos a um estudo com uma ferramenta tecnológica utilizada para se fazer um diagnóstico preciso em microbiologia, a biologia molecular para identificação, e estudamos a sensibilidade aos antibióticos por protocolos oficiais, citados acima.

O nosso resultado, depois deste estudo, é dos mais preocupantes, pois as bactérias isoladas apresentaram resistência a praticamente todos os grupos de antibióticos. Estas bactérias que estavam no processo foram devolvidas ao meio ambiente e com genes de resistências bem definidos em suas regiões denominadas de plasmídeos. Muitos destes plasmídeos contêm adicionalmente “genes de transferência”, que codificam proteínas capazes de formar  pili   estrutura através dos quais as bactérias transferem plasmídeos entre si, contribuindo para a proliferação de estirpes multirresistentes.

Estes estudos de antibiogramas aliados a quantificação precisa de microbiota bacteriano contaminante em outras áreas (médica-alimentícia -farmacêutica-ambiental) são obrigatórios e norteadores para que se possa dosar o princípio ativo sem se fazer uso abusivo ou indevido, este assunto deveria ser repensa do no nosso setor pois para finalizar estas bactérias ao serem “atacadas por antibióticos ou antimicrobianos” disparam mecanismos moleculares espetaculares para se defenderem e ficarem imunes e protegidas e ao se relacionarem com outras, inclusive de espécies diferentes, disseminando ao meio ambiente verdadeiros “monstrinhos de resistência”.

Aos amigos leitores este tema tem o simples objetivo de sensibilizar o setor da necessidade de se usar ferramentas, protocolos e profissionais que estejam preparados e formados para assumirem a responsabilidade na saúde pública, na nossa saúde e das novas gerações.

Até a próxima!

 

 

 

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